De volta para os anos 90? Novo carro popular 0km barato pode ser grande retrocesso!
Pode um lançamento de um carro popular 0km ser um retrocesso? Pode sim, caso esse carro não tenha nada de novo e seja só um respiro de um passado que todos queremos esquecer.
A indústria automobilística está sempre tentando se renovar com novas tecnologias e novos modelos cada vez mais modernos, trazer do passado algo já esquecido só para tentar reavivar o mercado brasileiro pode ser um grande retrocesso. Acompanhe logo abaixo sobre essa notícia.
Guia do Conteúdo
Industria Brasileira e carro popular 0km
O carro popular 0km já não é mais o mesmo, não é todo mundo que pode comprar o que hoje chamam de carro popular, no que diz respeito ao preço e o que ele oferece, pois a média de preço já passa dos 50 mil e isso, ao meu ver, não é “tão popular” assim.

O carro popular tinha um preço acessível (entre 10 e 20 mil reais) nos idos anos de 1990. Até então eram valores que você não precisava passar anos pagando em financiamentos que mais aumentavam eram prejuízos do que outra coisa.
O mesmo erra será cometido de novo?
Lembrando do que acontecia no Brasil de 30 anos atrás, quando o mercado de menos de 1 milhão de automóveis por ano era algo inacreditável para os quatro fabricantes de automóveis da época, montadoras e seus fornecedores de autopeças, concessionários, trabalhadores e governo se reuniam à mesa da Câmara Setorial Automotiva, criada para destravar as vendas.
Mesmo naquela época, o mercado ainda era limitado á pouca parte da população, devido a baixa renda e crise econômica.
E qual foi a solução?
Na época, no primeiro acordo da Câmara, celebrado em 1992, em busca de se ampliar o mercado com preços mais camaradas, cada parte abriu mão de receitas: indústria e concessionários concordaram em reduzir lucros, o governo baixou o principal imposto aplicado sobre o setor, o IPI, que variava de escorchantes 20% por um modelo 1.0 a 42% para os mais potentes acima de 100 cavalos, e desceu para 14% a 36%.

No ano seguinte o segundo acordo da Câmara criou o chamado carro popular, reduzindo o IPI a simbólico 0,1% para modelos com motores de 1 litro.
Alguma marca se deu bem?
Só a Fiat tinha pronta a solução com o seu Uno Mille lançado anos antes, o resto saiu correndo atrás de gambiarras tecnológicas, rebaixando a machadadas a capacidade volumétrica de motores já existentes para lançar os seus populares 1.0 com potências que mal alcançavam os 50 cavalos.
Esse foi o grande erro: a demanda por “qualquer coisa” trouxe ao mercado carros meia boca que deixou o carro popular 0km com uma reputação ruim. Será que vai acontecer isso de novo?
Qual a atual situação do carro popular 0km no Brasil?
A situação é que provavelmente, o carro popular 0km sairá de uma forma menos “grandiosa” como no passado: depenado, sem as peças e a tecnologia que hoje em dia nos é tanto agradável em um carro. Mas porque isso? Porque as montadoras não vem outro meio de baratear e tornar o carro popular 0km um carro realmente popular.

É certo que, desta vez, será bem mais difícil convencer qualquer uma das partes a abrir mão de receitas já famosas e que fizeram essas marcas serem o que são. As matrizes das fabricantes de veículos não vão tolerar mais um centavo de prejuízo no Brasil, mesmo sendo um dos 10 maiores mercados automobilísticos do mundo, onde deve-se fazer um produto medíocre se não fica fora do mercado.
E o governo, o que acha disso tudo?
Já o governo quase não tem margem para implementar a redução dos impostos sobre veículos.
O IPI dos carros 1.0 está fixado em 5,27% desde a última redução do tributo, em 2022: é porcentual já bastante comportado e a reforma tributária em construção tende a eliminar este imposto. Os estados também não querem nem ouvir falar em redução de ICMS de 12%. Ou seja, empacou.
Mas ainda assim, dá para fazer um carro popular 0km bom?
Concluímos que a indústria continua a produzir o carro popular 0km no Brasil, mais evoluído do que foi no passado, concordamos, porém que não têm mais preços tão populares assim e mantendo um acabamento medíocre e nada comparado ao carro popular 0km na Europa, por exemplo.
E esse novo carro popular 0km?
Previsões especulativas dizem que o novo carro popular 0km seria um modelo 1.0, com motor exclusivamente a etanol, a ser vendido por algo em torno de R$ 50 mil a R$ 60 mil. Seria, portanto, piorar ainda mais o que já mediano quando comparamos com um Fiat Mobi ou um Renault Kwid, os dois 0km mais baratos do mercado.

Será preciso uma nova abordagem no mercado para não transformar o que seria uma revolução como carro popular 0km em um retrocesso na tecnologia e no design, parecendo mais uma reciclagem do que já está velho com uma roupagem do que é novo, não queremos ver a história se repetir como nos anos 90 e terminar com um buraco no mercado automobilístico nacional.
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