Por qual motivo as vendas dos carros caíram em junho mesmo com descontos do governo

Embora o Governo Federal considere o programa de incentivos para a compra de carros novos um sucesso, a média diária de vendas dos carros caiu 15,15% até o dia 22 de junho, de acordo com dados da base Fenabrave/Senatran coletados pela Cavalcante Consultoria. Vejam

90% dos recursos para mercado de carros leves já foram utilizados, mas não é suficiente para impulsionar vendas

De acordo com informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), mais de 90% dos R$ 500 milhões destinados ao mercado de carros leves já foram utilizados. Apesar disso, esse valor ainda não é o bastante para que as vendas ultrapassem o mês de maio, que foi considerado um período ruim para o setor.

É válido destacar que existem veículos que são comercializados, mas não aparecem nas estatísticas devido ao fato de não terem sido emplacados e faturados.

Contudo, a principal causa da redução nas vendas é que, desde o anúncio do benefício em maio, as locadoras, que são os principais consumidores da indústria automotiva, deixaram de adquirir veículos aguardando pelos descontos. Apenas as locadoras compram cerca de 40 mil carros por mês.

Vendas de carros no varejo mantêm estabilidade em maio no Brasil, segundo especialista

Segundo Marcelo Cavalcante de Lima, especialista em carros, o setor de varejo conseguiu manter a venda de 57.333 unidades até o dia 22, sem grandes mudanças em comparação ao mês anterior, tendo um pequeno aumento de apenas 0,09%.

Enquanto isso, o atacado vendeu 35.509 veículos, apresentando uma queda de 32%. É válido ressaltar que o mês de maio já havia sido considerado um período desfavorável, já que muitos clientes adiaram suas compras para aproveitarem promoções.

“A queda nas compras das grandes frotistas, somada à postergação da última semana do mês de maio, é preocupante. O desajuste dos estoques das montadoras tem a tendência de provocar paralisações na produção, principalmente, nas marcas que têm maior penetração no setor de locação”, opina.

Empresas que investiram mais no programa sofrem queda nas vendas, diz perito

O perito ressalta que as empresas que investiram mais no programa estão enfrentando queda nas vendas. A Fiat e a Jeep, por exemplo, foram responsáveis por R$ 190 milhões dos recursos autorizados pelo governo, mas estão sofrendo com a redução de compras das locadoras, o que resultou em uma queda de 25% e 20% nas vendas, respectivamente.

Durante uma entrevista, Paulo Miguel Júnior, membro da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), informou que as locadoras interromperam a compra de veículos que custam até R$ 120 mil desde maio, quando o programa de descontos foi divulgado na imprensa.

Ele acrescentou que, além dos incentivos do governo, o grupo esperava descontos adicionais das empresas em função das compras em grande quantidade.

“A gente ainda não tem uma tabela ou preço sugerido desses carros para locadoras. Ainda não sabemos se haverá mais descontos, mas há expectativa, porque são compras de volume. Sempre há uma diferença quando se compra no atacado”, avalia.

Prorrogação do prazo do programa de incentivo à compra de carros prejudica locadoras, afirma ABLA

Apesar da expectativa, na última quarta-feira (21), que seria o dia em que as locadoras poderiam aproveitar os benefícios, já que as regras iniciais limitavam os primeiros 15 dias apenas para pessoas físicas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estendeu o prazo por mais 15 dias. A Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA) ficou surpresa com a mudança.

“A prorrogação impede exatamente o principal cliente das montadoras, responsável pela compra de 30% dos automóveis e comerciais leves vendidos no país – e que assim contribui diretamente para a estabilidade da indústria automotiva, de participar do programa que também foi criado para que as montadoras pudessem vender estoques parados”, afirmou.

A ABLA afirmou que se a medida incluir todos os compradores, pessoa jurídica e física, sem discriminação, poderá ajudar a aumentar a produção e fomentar empregos na indústria automotiva.

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