Presidente da Renault Brasil defende a taxação de carros elétricos importados!
Na quinta-feira, 21, Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil, manifestou seu apoio à volta do Imposto de Importação de veículos elétricos. Atualmente, esse imposto é zerado.
Ele também defendeu o fim do regime especial para o Nordeste e Centro-Oeste, que beneficia atualmente a Stellantis e as empresas Caoa Chery e HPE/Mitsubishi. Caso essa medida seja mantida, ela também afetará a planta da chinesa BYD na Bahia, cujo início das operações está previsto para o próximo ano nas instalações da Ford.
Gondo afirmou que as empresas do setor automotivo precisam ter igualdade em suas operações, especialmente em relação aos impostos federais. O regime especial para o Nordeste e Centro-Oeste oferece créditos de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que, segundo empresas de outras regiões, resultam em uma vantagem de aproximadamente 20% nos preços dos veículos fabricados localmente.

“Há 25 anos estamos no Brasil e já investimos bilhões. Existem empresas mais antigas que investiram ainda mais. Por isso, é necessário ter igualdade (de tratamento fiscal)”, afirmou Gondo. Para ele, não deve haver nada que desequilibre o mercado.
O grupo francês Renault em breve deve anunciar um novo plano de investimento no país. O último plano, no valor de R$ 2 bilhões, iniciado em 2022, será concluído este ano com o lançamento do utilitário-esportivo (SUV) Kardian, que acontecerá na próxima segunda-feira, dia 25.
O modelo fabricado no Paraná será produzido em uma plataforma que consumiu grande parte do investimento e resultará em uma família de produtos, incluindo modelos eletrificados. O novo plano de investimento incluirá os gastos para a produção do primeiro híbrido flex da marca.
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Sem benefícios
O posicionamento de Gondo é semelhante ao de outras grandes montadoras que já se reuniram com representantes do governo para discutir o assunto, como General Motors, Volkswagen e Toyota. O incentivo criado nos anos 90 estava previsto para terminar em 2025, mas há um movimento para estender sua vigência até 2032. A ideia é aprovar essa medida dentro do pacote da Reforma Tributária.
Gondo defendeu que qualquer benefício relacionado aos impostos federais seja incluído apenas no programa Rota 2030 (ou Mobilidade Verde), que pode ser anunciado ainda este mês. Esse programa prevê incentivos para investimentos em pesquisa e desenvolvimento e para o lançamento de veículos mais sustentáveis.

Sobre o retorno do Imposto de Importação, cuja alíquota total é de 35%, fontes do mercado afirmam que o Ministério do Desenvolvimento Indústria Comércio e Serviços (Mdic) já definiu que o retorno será gradual, cerca de 8% ao ano.
Assim como a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Gondo espera que haja cotas para importação sem impostos para empresas que já produzem veículos no país, levando em consideração o volume de produção. Isso significa que, em um primeiro momento, as montadoras chinesas que estão instalando fábricas locais ficariam de fora. No entanto, a produção dessas fábricas só começará no próximo ano.
Esse debate sobre o retorno do IPI, que foi zerado em 2015 para facilitar a entrada de carros com novas tecnologias no país, ocorre em um momento em que os carros elétricos importados da China pelas duas novas marcas estão ganhando mercado. Esses produtos oferecem alta tecnologia e preços mais baixos em relação aos concorrentes.
O posicionamento de Gondo ocorreu durante o evento de lançamento do Megane elétrico em São Paulo. O modelo é importado da França e chega ao mercado para competir principalmente com o BYD Yuan e o Volvo XC40, com preço de R$ 280 mil. O Megane elétrico possui autonomia de até 495 km com uma carga completa. A marca já vende no país o Kwid elétrico, também importado.
Em resposta às declarações de Gondo, o diretor de vendas da GWM criticou a defesa do retorno do Imposto de Importação, afirmando que ainda não é o momento. Além disso, ele destacou que, diante do crescimento das vendas da marca, aqueles que não acompanharem o movimento de lançar produtos com alta tecnologia e preços competitivos não devem reclamar com o governo quando fecharem as portas.
Minha Opinião
Essa é uma discussão importante, pois independente de qual empresa se beneficie ou não, quem acabará pagando o pato é o consumidor. No Brasil, quando se trata de impostos, é mais fácil igualar para cima do que para baixo.
Os carros elétricos chineses são muito importantes para o mercado brasileiro, pois, cada vez estão chegando com mais tecnologia, melhor qualidade e um preço competitivo, forçando as empresas nacionais a se mexerem.