Os Mistérios e Desafios Inesperados do Renault Kwid
O Renault Kwid foi lançado no Brasil em agosto de 2017 com a proposta de ser o carro zero quilômetro mais acessível do país. Com um preço inicial de R$ 29.990, o subcompacto rapidamente conquistou o mercado, mesmo tendo sido desenvolvido originalmente para um cenário com requisitos de acabamento e segurança inferiores aos exigidos pelos consumidores brasileiros. Ao longo dos anos, diversas melhorias estruturais foram implementadas para que o Kwid atendesse aos padrões locais, como a inclusão de reforços na carroceria, airbags adicionais e sistema Isofix. Entretanto, mesmo com essas adaptações, uma série de problemas e defeitos continuam a ser relatados pelos proprietários, revelando desafios que vão desde a mecânica até a segurança e o acabamento do veículo.

Guia do Conteúdo
Principais Problemas Mecânicos e Estruturais
Vazamentos e Ruídos no Motor e na Transmissão
Entre os problemas mais comentados pelos donos do Kwid estão os vazamentos tanto no motor quanto na caixa de câmbio. Muitos relatos apontam para a perda de fluido da transmissão e até mesmo do motor, além do barulho excessivo que se manifesta durante as acelerações, onde é possível ouvir claramente o som das engrenagens do câmbio. Esses sintomas indicam que o motor e seus componentes não estão isentos de defeitos, afetando a performance e podendo gerar despesas imprevistas com manutenção.
Vibrações e Desgaste Prematuro da Embreagem
Outro problema recorrente é o aparecimento de vibrações intensas na cabine, que acompanham o funcionamento do motor e do câmbio. Associado a isso, o rangido na embreagem é um incômodo comum que tem sido amplamente mencionado pelos proprietários. A combinação de ruídos e vibrações não só impacta o conforto ao dirigir, como também pode ser um sinal de desgaste acelerado dos componentes internos, exigindo reparos que comprometem o custo-benefício do subcompacto.
Desafios na Estrutura de Segurança
Fragilidade da Fechadura do Porta-Malas
Um dos defeitos mais críticos e que desperta grande preocupação é a fragilidade da fechadura do porta-malas. Muitos proprietários relatam que a tampa do porta-malas é facilmente arrombada por ladrões, que utilizam ferramentas simples como chaves de fenda para acessar o miolo da fechadura. Segundo depoimentos, inclusive o de uma cliente de Belo Horizonte, a facilidade em violar o sistema de segurança permitiu o furto de itens essenciais, causando prejuízos significativos. Especialistas sugerem que uma solução viária, como a instalação de uma chapa metálica para reforçar a tampa, poderia minimizar esse problema, mas até o momento a Renault ainda não adotou uma medida definitiva.
Problemas na Coluna de Direção
Outro ponto delicado está relacionado à coluna de direção elétrica. Diversos relatos indicam que a estrutura da coluna pode apresentar defeitos, com peças metálicas se desprendendo durante a condução e chegando a despencar no colo do motorista. Esse problema, descrito como crônico por alguns proprietários, não só compromete a dirigibilidade, mas também coloca em risco a segurança dos ocupantes, podendo levar à perda de controle do veículo. Especialistas apontam que esse defeito é mais comum em modelos fabricados até 2019, mas a sua persistência gera preocupação e demanda uma resposta imediata da montadora.
Aspectos do Design, Versões e Atualizações
Estratégia de Posicionamento e Versatilidade de Uso
O Renault Kwid ganhou notoriedade não apenas por seu preço acessível, mas também por suas características de design que tentaram posicioná-lo como um SUV dos compactos. Com uma elevada altura do solo de 180 mm, ângulos de entrada e saída que se enquadram na categoria de SUVs e dimensões compactas – 3,68 m de comprimento, 1,58 m de largura, 1,47 m de altura e 2,42 m de entre-eixos – o Kwid oferece um porta-malas de 290 litros, o que é bastante competitivo quando comparado a outros modelos do segmento. Apesar disso, a busca por manter o baixo peso e reduzir custos fez com que a motorização fosse simplificada, resultando em um motor SCe 1.0 flex de três cilindros que gera até 70 cv e 9,8 kgfm de torque, números que, embora suficientes para movimentar os 760 kg do veículo, não impressionam diante de versões mais robustas dos “irmãos” maiores, como o Sandero e o Logan.
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Atualizações de Visual e Versões Alternativas
Com o passar dos anos, o Kwid foi perdendo o seu apelo como o “carro mais barato”, exigindo atualizações para manter sua competitividade, especialmente diante de rivais como o Fiat Mobi. Em 2022, o subcompacto passou por uma reestilização que modernizou seu visual, com faróis divididos em dois andares, lanternas escurecidas e um interior renovado com novos revestimentos, painel digital e central multimídia atualizada. Essas melhorias também incluíram ajustes nos freios, que passaram a contar com novos componentes e calibração, além da implementação do sistema start-stop para melhorar a eficiência do motor. No mesmo ano, a Renault lançou a versão elétrica E-Tech, importada da China, que se destaca pelo acabamento mais caprichado, vidros elétricos nas portas traseiras e rodas de liga leve. Essa variante, com um motor de 65 cv e 11,5 kgfm de torque, apresenta desempenho similar ao modelo a combustão, embora com uma velocidade máxima limitada a 130 km/h para preservar a carga da bateria de 26,8 kWh, proporcionando uma autonomia de até 265 km.
Outras Questões Relatadas pelos Proprietários
Dificuldades no Câmbio e Ruídos Internos
Além dos problemas já mencionados, os proprietários do Kwid também relatam que o câmbio manual de cinco marchas tem sido uma fonte constante de aborrecimentos. Problemas de engate e ruídos provenientes do funcionamento interno do câmbio têm causado transtornos no dia a dia dos usuários. Esses problemas, associados ao barulho excessivo do motor durante as acelerações, sugerem que a simplificação da motorização, embora eficaz para reduzir custos, pode ter comprometido a qualidade e a suavidade do desempenho do veículo.
Vibrações, Trepidações e Quebra da Caixa
Outros relatos destacam a presença de vibrações intensas e trepidações que invadem a cabine do Kwid, indicando uma possível falta de equilíbrio ou alinhamento nos componentes mecânicos. Em alguns casos, esses problemas evoluíram para situações mais graves, como a quebra da caixa de câmbio e o desprendimento de peças, o que aumenta o risco de acidentes e torna a manutenção do veículo ainda mais onerosa. A combinação de todos esses fatores evidencia que, embora o Kwid tenha sido projetado para ser econômico e acessível, ele não está isento de falhas que podem comprometer a experiência do usuário.
Opiniões dos Especialistas e Respostas da Montadora
Análise dos Especialistas
Mecânicos e especialistas têm alertado sobre a gravidade de alguns dos problemas reportados, especialmente no que diz respeito à coluna de direção e à fechadura do porta-malas. Segundo o mecânico Paulo Vianna, a facilidade com que o porta-malas pode ser arrombado é um problema bem conhecido entre os ladrões, e a solução adotada por algumas oficinas – a instalação de uma chapa metálica para reforçar a tampa – deveria ser considerada pela Renault. Quanto à coluna de direção, o especialista enfatiza que a quebra do suporte pode levar à perda de controle do veículo, configurando um risco real para os ocupantes e para terceiros. Essas análises reforçam a necessidade de uma intervenção rápida por parte da montadora para corrigir os defeitos estruturais e garantir a segurança dos usuários.
Respostas da Renault e Perspectivas Futuras
Embora a Renault já tenha respondido a boa parte dos problemas apontados pelos donos do Kwid, muitos relatos ainda circulam e apontam para a persistência de falhas em modelos mais antigos. A montadora vem implementando melhorias graduais, mas a falta de uma solução definitiva para defeitos críticos, como a fragilidade da fechadura do porta-malas e os problemas na coluna de direção, continua a ser motivo de preocupação para os consumidores. Até o momento, a empresa não apresentou um recall ou uma campanha de reparo que aborde essas questões de forma abrangente, deixando muitos proprietários na expectativa de uma resposta mais efetiva.
Vale a Pena Comprar o Renault Kwid?
Apesar de seu apelo inicial como o carro zero quilômetro mais barato do mercado, o Renault Kwid enfrenta uma série de desafios que podem comprometer tanto o desempenho quanto a segurança do veículo a longo prazo. Problemas como vazamentos, ruídos excessivos, dificuldades no câmbio, vibrações constantes, a fragilidade da fechadura do porta-malas e defeitos na coluna de direção são questões que merecem atenção especial dos potenciairos compradores. Para aqueles que consideram adquirir um Kwid, é fundamental realizar uma inspeção detalhada e verificar o histórico de manutenção do veículo, de forma a identificar possíveis falhas que possam demandar reparos futuros.

Além disso, recomenda-se que os interessados fiquem atentos às atualizações e versões mais recentes do modelo, especialmente as que passaram por reestilizações e melhorias, ou até mesmo a versão elétrica E-Tech, que apresenta um acabamento mais refinado e algumas soluções tecnológicas que podem mitigar os problemas mecânicos. Comparar o Kwid com outros modelos disponíveis no mercado também pode ajudar na decisão, considerando não apenas o preço, mas também os custos operacionais e a confiabilidade a longo prazo.
Em resumo, o Renault Kwid continua sendo uma opção atrativa pelo seu baixo custo e design compacto, mas os desafios relatados pelos proprietários indicam que o investimento nesse subcompacto exige cautela e um olhar atento para os detalhes que podem impactar a segurança e o desempenho no dia a dia. Com a devida atenção e manutenção preventiva, é possível aproveitar as vantagens do modelo sem abrir mão da segurança e da economia, transformando os desafios atuais em oportunidades para uma utilização mais consciente e eficiente do veículo.
