Você sabia que o VW Jetta já teve um híbrido para competir com o Prius? A história de uma aposta ousada que não deu certo!

A Volkswagen é conhecida por suas inovações e, em 2013, a marca tomou uma decisão ousada ao lançar o Jetta Hybrid. O modelo híbrido veio para desafiar a hegemonia do Toyota Prius, que dominava o mercado de híbridos na época, e oferecer uma alternativa mais dinâmica e com maior prazer de dirigir, algo que, na visão da VW, faltava em muitos carros híbridos. O Jetta Hybrid, porém, nunca chegou a atingir o sucesso esperado e foi descontinuado após poucos anos. Aqui, exploramos a história por trás desse projeto ousado, suas características, a tecnologia embarcada e o que levou à sua descontinuação.

A aposta no híbrido com prazer de dirigir

Quando a Volkswagen decidiu criar o Jetta Hybrid, a ideia era clara: combinar a eficiência de um motor híbrido com o prazer de dirigir que caracteriza os modelos da marca. O Prius, da Toyota, já era o carro híbrido mais popular do mercado, mas seu foco estava em eficiência, muitas vezes à custa da dinâmica de condução. Com isso em mente, a VW quis mostrar que não era necessário abrir mão da performance para conseguir bons números de consumo.

Quais anos de modelo do Volkswagen Jetta têm mais problemas?
Quais anos de modelo do Volkswagen Jetta têm mais problemas?

Diferente do Prius, que utilizava uma transmissão continuamente variável (CVT), o Jetta Hybrid foi projetado com uma transmissão de dupla embreagem (DSG) de sete marchas. Essa escolha visava proporcionar trocas de marcha mais rápidas e uma condução mais empolgante, algo que a Volkswagen sabia fazer muito bem. O motor híbrido do Jetta, por sua vez, não era apenas um motor elétrico simples, mas combinava o eficiente motor TSI de 1,4 litro, turboalimentado, com um motor elétrico para criar uma combinação que entregava 170 cv e 25,5 kgfm de torque.

Motor híbrido com tecnologia turbo

O motor TSI do Jetta Hybrid era familiar para os fãs da Volkswagen no Brasil. Com 1,4 litro e 150 cv, ele já havia sido usado em outras versões do Jetta. O motor a gasolina foi combinado com um motor elétrico de 27 cv, responsável por fornecer torque instantâneo. Juntos, esses dois motores conseguiam proporcionar um desempenho muito superior ao de outros híbridos da época, que geralmente não passavam de 100 cv. Essa potência extra não se traduzia apenas em mais números na ficha técnica, mas também em uma experiência de condução mais envolvente.

Além disso, o motor elétrico do Jetta Hybrid não era apenas uma unidade qualquer. Ele era derivado do motor do Volkswagen XL1, um modelo futurista da marca, que se destacava pela eficiência máxima. O XL1 foi um projeto ambicioso de eficiência de combustível, mas com um design exótico e focado em reduzir o consumo a qualquer custo, algo que o Jetta Hybrid não visava. O Jetta continuava sendo um sedã confortável e prático, mas com uma pegada esportiva que o tornava único no segmento de híbridos.

Transmissão de dupla embreagem (DSG) – A grande diferença

Enquanto o Prius e outros concorrentes optaram pela transmissão CVT (continuamente variável), que é mais simples e eficiente para manter o consumo baixo, o Jetta Hybrid seguiu uma linha bem diferente. A escolha da Volkswagen pela transmissão DSG, de dupla embreagem, foi uma tentativa de unir eficiência com prazer de dirigir. Esse tipo de transmissão proporciona mudanças de marchas extremamente rápidas e precisas, sem a sensação de perda de potência, comum em câmbios CVT.

A DSG do Jetta Hybrid fez toda a diferença na dinâmica de direção do carro. Mesmo com a ajuda do motor elétrico, a Volkswagen sabia que o desempenho era crucial para que o modelo se destacasse entre os híbridos do mercado. Em vez de ser uma “enganação silenciosa”, como muitos híbridos, o Jetta Hybrid proporcionava uma experiência de condução empolgante, capaz de agradar aos motoristas mais exigentes. A possibilidade de conduzir o Jetta em modo totalmente elétrico a até 70 km/h foi outro trunfo que a VW conseguiu implementar.

Volkswagem Jetta 2021
Volkswagem Jetta Foto: Reprodução

Eficiência e consumo de combustível

Quando se trata de híbridos, a eficiência de combustível é uma das principais preocupações dos consumidores. O Jetta Hybrid foi projetado para ser altamente eficiente, com a Volkswagen prometendo um consumo médio de cerca de 24,4 km/litro. E, embora os testes de consumo realizados por jornalistas de automóveis tenham demonstrado números ligeiramente melhores do que a média prometida, o Jetta se saiu bem especialmente no trânsito urbano, onde o motor elétrico podia fazer o trabalho pesado.

A recuperação de energia durante a frenagem, que alimentava a bateria de íons de lítio de 1,1 kWh, também era eficiente. A bateria estava localizada atrás do banco traseiro, o que significava que o porta-malas perdeu um pouco de espaço – de 510 para 374 litros – mas ainda assim conseguia oferecer uma capacidade razoável. Essa perda de espaço no bagageiro foi uma das limitações do modelo, que não agradou a todos, especialmente os compradores que priorizavam a praticidade.

No entanto, a grande questão com o Jetta Hybrid foi que, em estradas abertas, o motor a gasolina acabava tendo que trabalhar com mais frequência, o que reduzia a economia de combustível do híbrido. Isso fazia com que, em trajetos mais longos, a diferença de consumo entre o Jetta Hybrid e um Jetta convencional fosse menor do que se imaginava.

Desempenho ao dirigir

Mesmo com um motor híbrido, a Volkswagen não esqueceu a principal característica dos seus carros: a dirigibilidade. O Jetta Hybrid manteve a precisão de direção e o comportamento dinâmico que caracterizam a marca. A suspensão do modelo oferecia um bom equilíbrio entre conforto e esportividade, com um chassi firme e bem ajustado. A combinação do motor turbo TSI com o motor elétrico proporcionava uma aceleração bastante boa, com o Jetta chegando a 100 km/h em 8,6 segundos – uma marca respeitável para um híbrido na época.

Embora o desempenho tivesse surpreendido positivamente, o som do motor a gasolina, quando o carro estava sob carga, não era tão suave quanto muitos motoristas esperavam. O motor de quatro cilindros, especialmente em rotações mais altas, produzia um som áspero que não combinava exatamente com a proposta de um carro híbrido mais refinado.

O recorde de velocidade em Bonneville Salt Flats

Em uma tentativa de provar a versatilidade do Jetta Hybrid, a Volkswagen levou o modelo para o Bonneville Salt Flats, em Utah, nos Estados Unidos, onde o carro estabeleceu um novo recorde de velocidade para veículos híbridos. O Jetta modificado alcançou a impressionante marca de 298,36 km/h, superando o recorde anterior de um Prius modificado, que havia atingido “apenas” 216 km/h.

O desempenho no Bonneville Salt Flats não foi apenas uma jogada de marketing. A Volkswagen queria mostrar que seu Jetta Hybrid não era apenas um modelo eficiente, mas também um carro com grande potencial de performance. No entanto, mesmo com esse feito impressionante, o carro não conseguiu conquistar uma base de consumidores suficientemente grande para justificar sua permanência no mercado.

A descontinuação do Jetta Hybrid

Apesar de ter sido uma tentativa interessante da Volkswagen de entrar no mercado de híbridos com um produto diferenciado, o Jetta Hybrid não conseguiu se estabelecer como uma opção popular. A combinação do preço mais alto em relação ao Jetta convencional, a perda de espaço no porta-malas e a menor eficiência em rodovias fez com que o modelo fosse descontinuado em 2016, após apenas três anos de produção.

A Volkswagen, no entanto, não abandonou totalmente a ideia dos híbridos. A empresa agora prepara novos modelos híbridos, como a próxima geração do T-Roc, que adotará uma estratégia híbrida mais moderna e eficiente. Contudo, o Jetta Hybrid ficou marcado como uma tentativa ousada da marca de unir o prazer de dirigir com a eficiência dos híbridos – uma proposta que, embora inovadora, não conseguiu conquistar o mercado de maneira definitiva.

Um modelo híbrido à frente de seu tempo?

Embora o Jetta Hybrid não tenha sido um sucesso comercial, ele abriu caminho para uma nova forma de pensar sobre os híbridos e a integração entre motores a combustão e elétricos. A Volkswagen ousou ao criar um híbrido com uma transmissão de dupla embreagem e um motor turbo, características que não eram comuns em veículos híbridos da época. Apesar de seus desafios, o Jetta Hybrid representou uma tentativa interessante de redefinir o que um carro híbrido poderia ser, e até hoje serve como uma lembrança de que a inovação, muitas vezes, é mais importante que o sucesso imediato.

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Um jovem que está iniciando sua vida no mundo automobilístico, carregando uma enorme paixão sobre o assunto. Se formou no Ensino Médio e pretende se ingressar em uma faculdade. Um jovem que nos tempos vagos, se interessa em fazer atividades familiares e passar mais tempo com a família.
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