Combustíveis Disparam: Por Que Você Está Pagando Muito Mais do que a Inflação?

Imagine ir ao posto de gasolina e descobrir que, em apenas 12 meses, o preço do combustível que você usa no dia a dia aumentou até quatro vezes mais do que a inflação. Parece exagero? Pois não é. Entre abril de 2024 e março de 2025, os combustíveis no Brasil sofreram altas expressivas, deixando o IPCA — o principal índice de inflação do país — literalmente comendo poeira.

A gasolina, o etanol e o diesel registraram aumentos bem acima do que o consumidor brasileiro esperava. E enquanto o governo tenta minimizar o impacto com pequenas reduções, os motoristas sentem cada vez mais o peso no bolso.

Combustível E30 nos postos de combustíveis.
Foto: Reprodução

Mas por que os combustíveis estão tão caros? O que explica esses aumentos acima da inflação? Onde é mais barato abastecer? E qual tipo de combustível compensa mais? Preparamos um mergulho completo nesse tema que afeta todos os brasileiros — até quem nem dirige.

Etanol lidera a disparada e pressiona o bolso do motorista

De acordo com o levantamento do Panorama Veloe de Indicadores de Mobilidade, feito em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), o etanol foi o combustível que mais subiu no Brasil no último ano.

Entre abril de 2024 e março de 2025, o preço do etanol aumentou, em média, 21,6% — ou seja, 4,1 vezes acima da inflação, que ficou em 5,26% no mesmo período (segundo o IPCA).

Para o motorista comum, isso significa que o combustível derivado da cana-de-açúcar, antes considerado uma opção mais econômica, ficou bem menos competitivo em grande parte do país.

Gasolina também sobe e segue pressionando a inflação

A gasolina comum também sentiu os efeitos do cenário econômico. O preço médio subiu 10,3% entre abril de 2024 e março de 2025 — praticamente o dobro da inflação oficial. A gasolina aditivada ficou logo atrás, com alta de 10,1%.

O diesel, combustível essencial para o transporte de cargas, também sofreu aumentos significativos: 8,5% no diesel comum e 8,4% no diesel S-10, ambos acima do IPCA.

Essas elevações, embora menores que as do etanol, têm impacto direto no transporte de mercadorias e, por consequência, no preço de alimentos, roupas, medicamentos e uma longa lista de produtos e serviços.

Março traz leve alívio nos preços, mas ainda longe do ideal

Apesar das altas expressivas no acumulado do ano, os preços dos combustíveis apresentaram estabilidade em março de 2025, com pequenas quedas que trazem um certo alívio — embora momentâneo — para o consumidor.

Veja a variação:

  • Gasolina comum: queda de 0,2%, média de R$ 6,422 por litro
  • Etanol: queda de 0,2%, média de R$ 4,427 por litro
  • Diesel comum e S-10: queda de 0,4%
  • GNV (Gás Natural Veicular): alta de 0,5%

Embora as reduções não representem um verdadeiro alívio, mostram que há uma tentativa de estabilização. Ainda assim, os combustíveis continuam em patamares altos, especialmente quando comparados com o início de 2024.

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Onde a gasolina está mais cara no Brasil?

A pesquisa da Veloe também revelou diferenças regionais expressivas no preço dos combustíveis. A gasolina mais cara do país está na região Norte, onde o litro custa, em média, R$ 6,86. Confira o ranking:

  1. Norte – R$ 6,86
  2. Nordeste – R$ 6,479
  3. Centro-Oeste – R$ 6,468
  4. Sudeste – R$ 6,26
Pessoa pegando uma pistola de gasolina no posto.
Foto: Divulgação

A diferença entre a região mais cara e a mais barata chega a R$ 0,60 por litro. No caso do etanol, a variação é ainda maior: quase R$ 1,00 entre o Norte e o Sudeste.

  • Norte – R$ 5,282
  • Nordeste – R$ 4,924
  • Centro-Oeste – R$ 4,427
  • Sudeste – R$ 4,314

Essa desigualdade de preços reflete fatores como logística, tributos estaduais e capacidade de produção local — e mostra como abastecer pode custar bem mais dependendo de onde você mora.

Etanol ainda vale a pena?

A dúvida é constante: vale a pena abastecer com etanol? A resposta depende da famosa conta do custo-benefício flex, que compara o preço do etanol com o da gasolina.

Segundo o Indicador de Custo-Benefício Flex, em março o preço médio do etanol correspondia a 72,3% do valor da gasolina comum. Isso significa que, em boa parte do Brasil, vale mais a pena abastecer com gasolina — que garante maior autonomia por litro.

Mas há exceções. Em estados como:

  • São Paulo – Etanol a R$ 4,28
  • Mato Grosso
  • Mato Grosso do Sul

…o preço do etanol é competitivo o suficiente para compensar seu menor rendimento. Nessas regiões, o biocombustível ainda pode ser a melhor escolha para o bolso e para o meio ambiente.

GNV: ainda uma opção viável?

O Gás Natural Veicular (GNV) sofreu uma alta de 0,5% em março, em direção oposta à dos demais combustíveis. Ainda assim, ele segue sendo uma opção atrativa para motoristas que rodam muito, como taxistas e motoristas de app.

O grande entrave do GNV é o custo inicial da conversão do veículo, além da limitação da infraestrutura — nem todas as cidades têm postos com abastecimento de gás.

Mesmo com o aumento recente, o GNV continua sendo, em muitos casos, a alternativa mais econômica a longo prazo.

O que o governo está fazendo?

Ciente da insatisfação crescente com os altos preços, o governo federal anunciou no fim de março uma redução de R$ 0,17 no preço do diesel. A medida foi vista como um gesto para aliviar o impacto no transporte de cargas e, consequentemente, na inflação dos alimentos.

Mas a redução é pontual e não resolve o problema estrutural. Para especialistas, é necessário rever a política de preços da Petrobras e, talvez, criar mecanismos de compensação para amortecer os efeitos das oscilações internacionais do petróleo.

Por que os preços sobem tanto?

O preço dos combustíveis no Brasil é influenciado por diversos fatores:

  • Cotação internacional do petróleo (Brent)
  • Taxa de câmbio (real x dólar)
  • Custo de produção e distribuição
  • Tributação estadual e federal
  • Política de preços da Petrobras

Com a instabilidade geopolítica em regiões produtoras, como o Oriente Médio, e a valorização do dólar, o Brasil acaba importando os aumentos — mesmo sendo produtor de petróleo.

Ou seja: o motorista brasileiro paga por um contexto global que está fora do seu controle.

Impacto na economia real

Quando o combustível sobe, o impacto se espalha por toda a economia. O transporte de cargas fica mais caro, e isso se reflete nos preços dos alimentos, produtos industrializados e até serviços como delivery e transporte público.

Além disso, trabalhadores que dependem do carro para gerar renda — como motoristas de aplicativo — veem seus lucros serem corroídos. Abastecer o tanque vira quase um exercício de cálculo de sobrevivência.

E agora? O que esperar dos próximos meses?

Especialistas acreditam que os preços devem se manter estáveis ou levemente em queda nos próximos meses, especialmente com a safra de cana-de-açúcar em andamento e o dólar relativamente controlado.

No entanto, qualquer novo evento internacional pode mudar o cenário rapidamente. A guerra na Ucrânia, tensões no Irã e decisões da OPEP seguem como fatores imprevisíveis.

Enquanto isso, o consumidor precisa ficar atento, pesquisar preços e fazer escolhas conscientes sobre quando e como abastecer.

Novo diesel chega no Brasil: Qual a diferença?
Novo diesel chega no Brasil: Qual a diferença?

Combustível caro é só a ponta do iceberg

O aumento dos combustíveis no Brasil entre abril de 2024 e março de 2025 revela um retrato de como nossa economia está vulnerável a fatores externos, políticas internas frágeis e infraestrutura desigual.

O etanol deixou de ser tão competitivo. A gasolina continua subindo. O diesel pressiona toda a cadeia produtiva. E o GNV tenta sobreviver como opção alternativa.

Em meio a tudo isso, o consumidor precisa de informação, estratégia e, acima de tudo, alternativas mais sustentáveis — seja na escolha do combustível, seja no tipo de veículo ou no uso de transporte coletivo.

A era dos combustíveis baratos parece ter ficado no retrovisor. A pergunta agora é: o que estamos fazendo para não ficarmos reféns dessa bomba-relógio?

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Um jovem que está iniciando sua vida no mundo automobilístico, carregando uma enorme paixão sobre o assunto. Se formou no Ensino Médio e pretende se ingressar em uma faculdade. Um jovem que nos tempos vagos, se interessa em fazer atividades familiares e passar mais tempo com a família.
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