Ferrari quer enganar seus sentidos: carro elétrico terá câmbio e ronco falsos!
A Ferrari está prestes a entrar de vez na era elétrica, mas de uma forma completamente diferente do que os fãs poderiam imaginar. Em vez de simplesmente seguir a cartilha dos veículos silenciosos e suaves movidos a bateria, a lendária fabricante italiana decidiu recriar a alma dos seus carros a combustão dentro de um novo universo elétrico. E, sim, isso inclui roncos de motor e troca de marchas – tudo 100% simulado.
Essa estratégia ousada foi revelada após dois pedidos de patente registrados recentemente, que mostram que a marca do cavallino rampante está desenvolvendo um sistema que simula o comportamento de um motor a combustão e de uma transmissão tradicional, mesmo que o carro seja totalmente elétrico.

Guia do Conteúdo
A Ferrari elétrica que “engana” como nunca antes
A Ferrari já havia prometido que seu primeiro modelo elétrico seria algo emocional, com identidade própria e uma “assinatura sonora única”. Agora, tudo começa a fazer sentido. Um protótipo já foi visto circulando em Maranello (Itália), emitindo sons que lembravam claramente um motor real – o que, na época, parecia apenas um detalhe curioso.
Mas agora entendemos: era parte de um plano muito maior.
Como funciona o sistema de simulação da Ferrari?
Segundo as patentes, o novo sistema elétrico da Ferrari não apenas reproduz sons de motor, mas também simula mudanças de marcha como se houvesse uma transmissão real ali dentro. E mais: o comportamento do carro muda com base nessas marchas virtuais.
Os destaques do sistema incluem:
- Marchas virtuais: acionadas manualmente por aletas atrás do volante, como nos modelos esportivos tradicionais.
- Torque simulado: o sistema ajusta o torque do motor elétrico de acordo com a marcha virtual selecionada e a pressão no acelerador.
- Som digital imersivo: alto-falantes internos e externos reproduzem um ronco de motor que pode ser personalizado com sons históricos, modernos ou até futuristas.
- Experiência tátil e auditiva: até os sons das trocas de marcha são simulados para dar mais realismo.
- Gravação de motores reais: a Ferrari pretende capturar sons de motores clássicos da marca para usar como base para os sons digitais.
Ou seja, você estará dirigindo um carro elétrico, mas com a sensação – sonora e de desempenho – de estar ao volante de uma Ferrari a combustão.

Por que simular um câmbio e ronco de motor em um EV?
A resposta é simples: emoção. A Ferrari sabe que seus carros são mais do que velocidade e desempenho técnico – eles são, antes de tudo, uma experiência sensorial.
Elon Musk pode ter redefinido o que um EV pode fazer em números, mas a Ferrari quer redefinir como ele deve fazer você se sentir.
A concorrência já começou a trilhar o mesmo caminho
Embora a Ferrari esteja levando o conceito a um novo patamar, não é a primeira a embarcar nessa ideia. A Hyundai, com o esportivo Ioniq 5 N, já criou um sistema semelhante, que imita um motor turbo de 4 cilindros a 8.000 rpm e uma transmissão de dupla embreagem de oito marchas. No modelo sul-coreano, o sistema chega a limitar o torque para dar a sensação de subida de giro antes da troca de marcha.
A Kia, marca irmã da Hyundai, também aplicou o recurso nos EV6 e EV9 GT. Já a Dodge lançou o sistema Fratzonic Chambered Exhaust, que apenas gera som (sem simular torque ou marchas), e a BMW admitiu estar trabalhando em algo parecido com o da Hyundai.
Por outro lado, marcas como a Porsche rejeitam a ideia, defendendo que um EV deve abraçar sua natureza silenciosa e futurista.
O que esperar do primeiro Ferrari EV?
A Ferrari já confirmou oficialmente que seu primeiro carro elétrico será lançado ainda este ano, com entregas previstas para 2026. Embora o modelo ainda esteja envolto em segredo, tudo indica que esse novo sistema de câmbio virtual e sons imersivos poderá estrear com ele.
Mas, atenção: isso não significa que todos os futuros modelos elétricos da marca terão esse recurso. A adoção poderá variar de acordo com o tipo de veículo e o perfil de público-alvo.
Além disso, a empresa poderá permitir que o motorista escolha entre vários perfis de som e comportamento do câmbio simulado: desde algo mais tradicional, até uma experiência futurista e completamente nova – abrindo espaço para a customização da experiência de dirigir.

A nostalgia como estratégia
Ao simular o que um motor e um câmbio fariam num carro que, na prática, não tem nenhum dos dois, a Ferrari está mostrando que entende o valor emocional de suas raízes. Isso pode ser visto como uma ponte entre o passado glorioso e o futuro elétrico.
Não se trata apenas de “fingir” ser algo que não é. Trata-se de recriar, com tecnologia, a sensação visceral que sempre definiu um Ferrari.
E se isso funcionar tão bem quanto promete, outras marcas premium poderão seguir o mesmo caminho. Afinal, quem disse que um carro elétrico precisa ser sem graça?
