Renault Kwid: o barato que pode sair caro? Veja os defeitos ocultos
Desde que foi lançado no Brasil, em 2017, o Renault Kwid se destacou por um motivo simples: o preço. Ele chegou com a promessa de ser o carro zero quilômetro mais barato do país, oferecendo ao consumidor brasileiro uma alternativa acessível para sair do transporte público ou se livrar de carros antigos.
No entanto, embora o valor competitivo continue sendo seu maior atrativo, o modelo acumula queixas de proprietários e registros em plataformas como o Reclame Aqui, trazendo à tona um cenário preocupante para quem considera o compacto urbano da Renault.

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O porta-malas virou um ponto vulnerável
Um dos problemas mais citados pelos proprietários do Kwid, inclusive em versões recentes como a 2023 e 2024, é a fragilidade da fechadura do porta-malas. O miolo da trava tem se mostrado frágil e, segundo diversos donos, o porta-malas pode ser facilmente forçado e aberto sem grande esforço.
A consequência mais grave relatada por motoristas é o furto do estepe, que fica exposto na parte inferior do carro. O acesso facilitado ao compartimento traseiro torna o veículo vulnerável a arrombamentos mesmo quando estacionado em locais movimentados. Há inclusive registros de barulhos constantes vindos da tampa do porta-malas, indicando folgas ou falhas no sistema de vedação e fixação.
Em muitos casos, mesmo com o problema sendo reportado às concessionárias, os proprietários alegam que não houve solução efetiva. A substituição da peça, quando ocorre, não resolve a vulnerabilidade, o que deixa os consumidores frustrados e inseguros.
Barra de direção: um risco estrutural nas primeiras unidades
Se você está considerando comprar um Renault Kwid usado, fabricado entre 2017 e 2019, atenção redobrada: a barra de direção foi alvo de inúmeras reclamações. O problema mais sério relatado envolve o rompimento ou quebra da coluna de direção durante o uso normal do carro.
Os relatos indicam que, mesmo em velocidades baixas e sem impactos externos, a direção travava ou se soltava de forma repentina. Isso representa um risco sério de acidente, principalmente em vias urbanas movimentadas.
Antes de fechar negócio com um Kwid usado, especialmente dos primeiros lotes, verifique junto à rede autorizada se o veículo passou pelos recalls obrigatórios e se existe alguma pendência de manutenção estrutural.
Sistema de freios preocupa donos com falhas intermitentes
Outro ponto sensível, que atinge até modelos mais recentes do Kwid, é o sistema de freios. Vários consumidores relataram perda total da frenagem, falhas intermitentes e pedal que “afunda” sem resposta, especialmente em situações de emergência.
O mais grave é que alguns desses casos ocorreram após revisões em concessionárias, o que levanta dúvidas sobre a durabilidade e a confiabilidade do sistema mesmo com manutenção em dia.

Um dos relatos mais preocupantes veio de um proprietário que perdeu a frenagem logo após a revisão de 20 mil km. Mesmo após retorno à concessionária, o problema persistiu. Outro usuário contou que enfrentou três episódios de pane nos freios em menos de um ano.
Barulhos internos e acabamento simples demais
Embora esse seja um problema menos crítico do ponto de vista da segurança, os barulhos internos excessivos são outro ponto amplamente criticado pelos donos do Renault Kwid. Ruidos na parte interna do painel, nas portas, no porta-luvas e até na tampa do porta-malas tornam-se frequentes com poucos meses de uso.
Isso pode parecer um incômodo menor, mas somado à sensação de simplicidade do acabamento, muitos motoristas relatam uma experiência de condução ruidosa, desconfortável e com sensação de carro mal montado. Para um carro voltado ao uso urbano, onde a frequência de uso é alta e os percursos são cheios de irregularidades, isso pesa negativamente na percepção de qualidade.
Além disso, a suspensão foi alvo de críticas por ser rígida demais, transmitindo impactos com mais intensidade para a cabine. O resultado é um carro que cansa o motorista em trajetos mais longos e transmite uma sensação de fragilidade geral.
Consumo e desempenho: há equilíbrio?
No papel, o Renault Kwid deveria oferecer bom desempenho urbano com consumo eficiente. Equipado com motor 1.0 de três cilindros, o modelo é leve e tem dimensões compactas, o que favorece o uso no dia a dia. No entanto, na prática, os relatos de desempenho fraco em ultrapassagens e dificuldades em subidas com carga total são frequentes.
Em compensação, o carro realmente entrega consumo baixo, especialmente com gasolina. Motoristas que utilizam o veículo predominantemente em trajetos urbanos relatam médias de até 15 km/l, o que é um ponto positivo. Mesmo assim, a falta de força em situações mais exigentes pode incomodar quem espera mais dinamismo, especialmente fora dos grandes centros.
O que a Renault diz sobre os defeitos?
A Renault costuma responder às reclamações com comunicados formais, reforçando a política de garantia de três anos contra defeitos de fabricação. Segundo a marca, qualquer anomalia deve ser avaliada tecnicamente em uma concessionária autorizada, onde o diagnóstico é feito com base em protocolos estabelecidos pela fabricante.
No entanto, os clientes reclamam que, na prática, essa avaliação muitas vezes resulta em despesas adicionais ou em tentativas de solução que não resolvem o problema de forma definitiva. Isso acaba gerando frustração e desconfiança.
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Em alguns casos, como nas falhas de direção ou freios, a marca já realizou recalls oficiais, mas muitos donos reclamam da falta de divulgação clara e do atendimento lento nas concessionárias.
Kwid ainda vale a pena?
A resposta depende do seu perfil e da sua expectativa. O Renault Kwid é, sem dúvida, um dos carros mais baratos à venda no Brasil, e isso continua sendo seu maior trunfo. Para quem busca um veículo exclusivamente urbano, com manutenção acessível, baixo consumo e facilidade para estacionar, ele cumpre o papel — desde que seja um modelo revisado, com histórico confiável e preferencialmente fora dos primeiros anos de fabricação.
Por outro lado, quem espera mais robustez, confiabilidade mecânica e conforto pode se decepcionar. Os relatos de falhas graves, como nos freios e direção, somados à fragilidade do acabamento, são fatores que devem ser levados em conta antes de fechar negócio.

Preço baixo, mas com ressalvas importantes
O Renault Kwid conquistou seu espaço no mercado ao se posicionar como o carro zero mais barato do país, mas os relatos de problemas recorrentes mostram que o custo de aquisição reduzido pode, em alguns casos, sair caro a longo prazo.
Se você está cogitando comprar um Kwid, seja novo ou usado, a dica é simples: pesquise o histórico do veículo, consulte se ele passou pelos recalls obrigatórios, e, se possível, leve um mecânico de confiança para uma avaliação completa.
