Novo Renault Kardian 1.0 turbo: promessa de potência ou dor de cabeça garantida?
O Renault Kardian chegou ao mercado brasileiro com a promessa de inovar entre os SUVs compactos. O destaque do modelo está em seu novo conjunto mecânico, composto por um motor 1.0 turbo de última geração. Desenvolvido em parceria com a Mercedes-Benz, esse propulsor carrega a responsabilidade de entregar potência e eficiência em um pacote compacto, leve e tecnológico.
O desempenho não decepciona: são 125 cavalos de potência quando abastecido com etanol, acompanhados por um torque de 220 Nm. Esses números o posicionam como o mais potente entre os SUVs compactos equipados com motores 1.0 turbo no Brasil, oferecendo respostas ágeis e aceleração eficiente tanto na cidade quanto em rodovias.

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Tecnologia embarcada
Além dos números, o motor HR10 se destaca pelo uso de soluções técnicas modernas, como o revestimento Bore Spray Coating nos cilindros, que reduz o atrito interno, e as bronzinas com polímero, que colaboram para uma maior durabilidade do sistema. Essas tecnologias prometem não só performance, mas também confiabilidade a longo prazo.
A construção do motor também facilita a manutenção. Segundo relatos técnicos, o acesso aos principais componentes é simples, e a estrutura geral permite intervenções rápidas e eficientes. Isso é importante para quem se preocupa com o custo e a frequência de revisões após o fim da garantia.
Questão do câmbio
Se o motor empolga, o mesmo não se pode dizer da transmissão. O Renault Kardian é equipado com um câmbio automático de dupla embreagem, conhecido como EDC. Em teoria, esse tipo de câmbio deveria garantir trocas suaves e rápidas, com o benefício de maior eficiência energética. No entanto, as críticas surgem justamente nesse ponto.
Mecânicos que tiveram contato com o modelo apontam que o câmbio EDC apresenta sinais de fragilidade em situações comuns do dia a dia. Em manobras de baixa velocidade, por exemplo, é comum ouvir relatos de trancos e estalos metálicos. Esses ruídos indicam que o sistema pode não estar operando com a suavidade esperada, levantando preocupações sobre sua durabilidade a longo prazo.
Problemas recorrentes
As falhas do câmbio não são isoladas. Donos do Renault Kardian relataram experiências negativas, como falhas eletrônicas no sistema de transmissão e até interrupções completas do funcionamento do câmbio. Em alguns casos mais graves, os reparos chegaram a valores elevados, ultrapassando a casa dos R$ 40 mil. Um custo que assusta qualquer proprietário, especialmente após o término da garantia de fábrica.
O risco aumenta em modelos fora do período de cobertura, pois eventuais falhas do câmbio exigem mão de obra especializada e peças de alto valor. Isso pode tornar o carro, que inicialmente parece vantajoso, em um verdadeiro problema para o bolso do consumidor médio. O alerta é claro: é preciso avaliar com atenção a confiabilidade da transmissão EDC antes de fechar negócio.

Avaliação dos mecânicos
Para os profissionais da manutenção automotiva, o motor HR10 é digno de elogios. Além de potente e tecnológico, ele demonstra ser confiável na prática. A boa engenharia envolvida em sua construção garante resistência e manutenção simplificada, dois fatores que pesam muito na hora de decidir pela compra de um veículo novo.
Contudo, o mesmo grupo de especialistas deixa claro que a transmissão pode ser o calcanhar de Aquiles do Kardian. A combinação entre um motor eficiente e um câmbio problemático compromete o desempenho do conjunto. Muitos sugerem que, apesar das boas intenções da Renault, o câmbio EDC pode não ter sido a melhor escolha para o perfil de uso típico no Brasil.
Expectativas frustradas
O lançamento do Kardian gerou expectativas elevadas. Com design moderno, bom nível de equipamentos e motorização atualizada, o SUV parecia pronto para competir com os principais nomes do segmento. No entanto, os primeiros meses de mercado revelaram que nem tudo correu como planejado. Os problemas mecânicos ligados à transmissão minaram a confiança de muitos compradores.
O que se observa é uma desconexão entre a teoria e a prática. No papel, o Kardian é um excelente SUV de entrada, com preço competitivo, bom desempenho e visual agradável. Mas na realidade de uso urbano, a sensação é de insegurança. O câmbio apresenta falhas em situações básicas, algo inaceitável para um veículo novo e com proposta urbana.
Riscos pós-garantia
Outro ponto levantado por mecânicos e especialistas é o que acontece após o fim da garantia. O motor, por sua construção robusta, tende a resistir bem ao tempo e à quilometragem. Mas a transmissão, com suas falhas já demonstradas, pode se tornar um pesadelo financeiro para quem optar pelo carro pensando no longo prazo.
Se o conserto da transmissão ultrapassa R$ 40 mil, como foi reportado por donos do modelo, o custo-benefício do Kardian desmorona. Afinal, poucos consumidores estão dispostos a arcar com esse valor para manter um carro cujo preço de compra já não é baixo. Isso reforça a necessidade de pensar além do momento da compra e analisar o custo de propriedade do veículo.
Alternativas de mercado
O segmento de SUVs compactos é altamente competitivo, com diversas opções que utilizam motores semelhantes e câmbios mais tradicionais. Há modelos que apostam em câmbios automáticos convencionais ou CVT, que, embora menos esportivos, têm se mostrado mais confiáveis e duráveis.
Nesse cenário, o Renault Kardian precisa provar que os problemas com a transmissão EDC são casos isolados e que a marca está comprometida em oferecer suporte e soluções definitivas aos clientes. Sem isso, o risco de ser lembrado como um modelo promissor que não entregou o que prometia é alto.

Considerações finais
Ao escolher um carro novo, o consumidor avalia não apenas o visual e os números de desempenho, mas também a experiência de uso. Um motor potente é um atrativo, mas a confiança no conjunto mecânico é essencial. O Renault Kardian entrega muito em termos de potência e tecnologia, mas decepciona com sua transmissão problemática.
Mecânicos recomendam cautela. Embora o motor tenha mérito, o câmbio pode transformar o investimento em dor de cabeça. Antes de comprar, é fundamental testar o modelo, conversar com outros proprietários e buscar informações técnicas detalhadas.

O preço de lançamento foi alto e o cambio usado, para não consumir potência do motor, uma decepção. Ninguém esquece os “power shits” da vida.