C3 Aircross tem queda nas vendas e Citroën aposta em desconto inédito

O Citroën C3 Aircross chegou ao Brasil no fim de 2023 com grandes expectativas. A marca francesa apostava em um modelo que reunia o estilo de SUV, bom espaço interno, motor turbo e a opção de versões com cinco ou sete lugares. No papel, parecia uma fórmula de sucesso, pronta para conquistar consumidores que buscam modernidade, praticidade e custo-benefício em um mesmo carro.

No entanto, o desempenho de mercado não acompanhou esse otimismo. De acordo com dados da Fenabrave, em 2024 o Aircross emplacou 8.286 unidades, o que representa uma média de 690 veículos por mês. Os números ficaram bem abaixo dos principais concorrentes.

Enquanto o Volkswagen T-Cross superou as 83 mil unidades e o Chevrolet Tracker ultrapassou as 69 mil, o modelo da Citroën teve dificuldades em se destacar no segmento mais disputado do país.

Estratégia de desconto

Para tentar reverter esse cenário, a marca decidiu investir em uma política de preços mais agressiva. A versão Feel Turbo 200 AT, considerada a mais acessível do catálogo, está com valor reduzido.

Seu preço de tabela é de R$ 121.600, mas as unidades ainda do lote 2024/2025 estão sendo vendidas por R$ 109.990. Esse corte de R$ 11.700 torna o Aircross mais competitivo diante de rivais diretos, especialmente para quem busca um SUV turbo na faixa dos R$ 110 mil.

Para os modelos 2025, também há incentivo. A mesma configuração é anunciada por R$ 112.990, ainda abaixo da tabela inicial. Além disso, a Citroën oferece condições especiais de financiamento.

Com entrada de R$ 79.093, cerca de 70% do valor do carro, é possível parcelar o restante em 24 vezes de R$ 1.596,05, sem cobrança de juros. Outro atrativo é o bônus de até R$ 3.000 na troca de seminovos.

Motorização

Todas as versões do C3 Aircross compartilham a mesma motorização. O SUV vem equipado com o motor 1.0 turbo flex de três cilindros, desenvolvido pela Stellantis e também presente em modelos da Fiat e Peugeot. Quando abastecido com etanol, o propulsor entrega 130 cavalos de potência. Com gasolina, a potência chega a 125 cv. O torque, de 20,4 kgfm, permanece o mesmo em qualquer tipo de combustível.

A transmissão é sempre automática do tipo CVT, com simulação de sete marchas, e a tração é dianteira. Essa combinação garante um desempenho adequado para o uso urbano e viagens curtas, mas não chega a entregar a esportividade que alguns consumidores buscam em SUVs turbinados. Ainda assim, o conjunto privilegia conforto e economia de combustível, aspectos valorizados no segmento.

Desafios do modelo

Apesar do desconto e das condições de compra facilitadas, o C3 Aircross ainda enfrenta desafios para conquistar espaço. O segmento de SUVs compactos é um dos mais concorridos do mercado brasileiro, com opções já consolidadas e presença forte de marcas como Volkswagen, Chevrolet, Hyundai e Nissan. Nesse cenário, o modelo francês precisa encontrar um diferencial que vá além do preço.

Outro ponto que pesa é a percepção de marca. A Citroën ainda busca recuperar confiança no Brasil, após anos com portfólio reduzido e presença tímida nas concessionárias.

O lançamento do Aircross foi visto como uma tentativa de reposicionar a marca no país, mas os resultados mostram que essa recuperação será mais lenta do que o esperado.

Futuras versões

Em paralelo às promoções atuais, a Citroën prepara novidades para ampliar a linha. A montadora já confirmou o lançamento de versões com visual aventureiro, que resgatarão a sigla XTR, bastante conhecida na década de 2000 quando equipava o C3 hatch. A expectativa é que tanto o C3 quanto o Aircross recebam esse pacote de estilo já a partir da linha 2026.

As mudanças devem se concentrar em elementos estéticos, como molduras plásticas, detalhes internos exclusivos e talvez algumas alterações no acabamento. No entanto, a mecânica deve permanecer inalterada, mantendo o motor 1.0 turbo flex e a transmissão CVT. Isso reforça a estratégia de agregar valor pelo design e pelo apelo aventureiro, sem grandes mudanças técnicas no curto prazo.

Tecnologia adiada

Outro ponto que chama atenção é a ausência de eletrificação. Enquanto modelos da Fiat, como Pulse e Fastback, já oferecem sistema híbrido leve, o Aircross não tem previsão imediata de adotar a tecnologia.

O SUV até foi visto em testes junto ao Peugeot 2008, que deve receber o recurso em breve, mas a estreia do sistema no modelo da Citroën ficará para uma fase posterior.

Essa demora pode se tornar um desafio, já que o mercado brasileiro tem demonstrado maior interesse por carros híbridos e elétricos. Embora o preço ainda seja um fator limitante, consumidores começam a olhar para tecnologias de eficiência energética como diferencial de compra. Sem esse atrativo, o Aircross pode perder espaço em médio prazo.

Perspectivas

A Citroën aposta que a redução de preços pode ser o primeiro passo para melhorar os números do Aircross. A estratégia deve atrair clientes que consideram um SUV turbo, mas buscam custo-benefício em relação a rivais mais caros. No entanto, especialistas apontam que apenas promoções não serão suficientes. Será necessário reforçar o pós-venda, ampliar a rede de concessionárias e investir em tecnologias mais modernas para ganhar relevância no segmento.

O futuro lançamento da versão XTR e a possibilidade de eletrificação em etapas posteriores podem ajudar a manter o modelo competitivo. Porém, até que isso aconteça, a marca dependerá de ações comerciais fortes e de um reposicionamento mais amplo no Brasil.

Com o desconto atual, o Citroën C3 Aircross se torna uma alternativa interessante para quem deseja um SUV turbo abaixo dos R$ 115 mil. O preço agressivo pode atrair consumidores que antes não cogitavam a marca, mas o desafio maior está em fidelizar esse público. Em um mercado com concorrência tão acirrada, apenas condições comerciais vantajosas dificilmente sustentam bons resultados a longo prazo.

Se a Citroën conseguir alinhar preço competitivo, novas versões atrativas e tecnologia atualizada, o Aircross poderá finalmente ganhar o espaço que se esperava desde o lançamento. Até lá, a estratégia de descontos será o principal trunfo da marca francesa para se manter em jogo.

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