Carro elétrico de R$ 50 mil? O plano chinês que pode mudar o Brasil
A ideia de ter um carro elétrico realmente acessível está deixando de ser um sonho distante para os brasileiros. A fabricante chinesa Aima anunciou que pretende lançar em 2026 um modelo elétrico compacto com preço entre R$ 47 mil e R$ 49 mil, algo inédito no mercado nacional. Essa iniciativa coloca a marca em destaque entre consumidores que buscam uma alternativa mais barata e prática para deslocamentos urbanos. Como a empresa já atua no país com bicicletas e triciclos elétricos, o novo projeto surge como um avanço natural de sua estratégia de expansão.
O interesse do público é imediato, afinal o carro elétrico mais barato do Brasil hoje passa longe dessa faixa de preço. Com eletrificação ainda considerada cara e restrita, especialmente em comparação a modelos movidos a combustão, a possibilidade de um veículo elétrico abaixo de R$ 50 mil muda a conversa dentro do setor. Mas, junto com o entusiasmo, surgem questões importantes sobre o uso prático, limitações técnicas e desafios legais que podem definir o real impacto desse lançamento.
Guia do Conteúdo
Preço atrativo
A principal força do projeto é o preço agressivo. Entre R$ 47 mil e R$ 49 mil, o novo Aima A05 chega a competir não com outros carros elétricos, mas com motos de média cilindrada e subcompactos usados. Isso cria uma ruptura significativa dentro do mercado, trazendo um produto totalmente novo para consumidores que nunca imaginaram adquirir um carro elétrico devido ao alto custo. Com tamanho reduzido e construção simplificada, o modelo busca justamente atacar esse nicho mais sensível ao preço.
A estratégia da marca é oferecer algo além de uma scooter elétrica, mas sem competir diretamente com automóveis tradicionais. O A05 chega com estrutura leve, interior compacto e capacidade para até três ocupantes. Ele funciona como um meio-termo entre moto, triciclo e minicarro, combinando proteção contra chuva e sol com manutenção simples e baixo consumo. A proposta pode atrair quem se desloca diariamente por trajetos curtos e enfrenta tráfego lento nas grandes cidades.

Velocidade limitada
Apesar do apelo financeiro, o A05 traz um ponto de atenção crucial: a velocidade máxima limitada a 45 km/h. Essa característica pode comprometer totalmente sua utilidade em vias brasileiras, já que o Código de Trânsito determina que veículos devem atingir pelo menos metade da velocidade máxima da estrada. Em rodovias com limite de 100 km/h, o mínimo exigido é 50 km/h, e o A05 não alcança esse valor. Isso significa que ele não poderia circular legalmente em muitas avenidas e estradas do país.
Essa limitação transforma o carro elétrico da Aima em um veículo restrito a bairros, centros urbanos, ruas estreitas e regiões onde a velocidade média é naturalmente baixa. Na prática, ele funcionaria mais como um quadriciclo fechado do que como um automóvel completo, o que altera as expectativas do comprador. Esse uso restrito não impede o interesse, mas reduz bastante o alcance do produto para quem busca um veículo que possa substituir o carro tradicional em qualquer tipo de trajeto.
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Conjunto mecânico
A mecânica do A05 reforça sua proposta de veículo leve e urbano. O motor elétrico traseiro gera apenas 4,4 cv, um valor muito baixo para os padrões automobilísticos, mas suficiente para deslocamentos tranquilos em áreas congestionadas. A bateria de lítio tem capacidade de 7,2 kWh, garantindo autonomia entre 55 km e 60 km em condições ideais. Essa autonomia atende à chamada “última milha”, ou seja, trajetos curtos envolvendo trabalho, mercado, escola e compromissos dentro da própria região.
O tempo de recarga é outro ponto que merece atenção. Sem suporte para carregamento rápido, o processo leva de oito a dez horas em uma tomada comum. Isso exige planejamento por parte do usuário, já que qualquer viagem adicional pode representar a necessidade de uma recarga completa. Aspectos como rodas aro 12, ausência de airbags e falta de freios ABS reforçam que o carro elétrico da Aima foi projetado com custos mínimos, priorizando simplicidade e economia acima de qualquer característica típica de um automóvel tradicional.
Entraves legais
Do ponto de vista regulatório, o A05 enfrenta desafios significativos. Para ser emplacado como automóvel, ele precisaria atender a requisitos de segurança que não possui. A alternativa seria enquadrá-lo como quadriciclo, categoria que existe em outros países, mas não é popular no Brasil. Esse enquadramento exige habilitação, mas não garante os mesmos padrões de proteção presentes em carros convencionais. O exemplo recente do Citroën Ami, que também não conseguiu homologação no país, demonstra o tamanho da barreira que a Aima terá de superar.
A marca cita os kei cars japoneses como inspiração, mas o cenário é completamente diferente. Os modelos japoneses, apesar de compactos, oferecem potência e velocidade suficientes para circular em qualquer via, além de cumprir normas rígidas de segurança. No caso do A05, a proposta é mais limitada e diretamente voltada ao uso urbano controlado. Para que o carro elétrico de R$ 50 mil seja realmente vendido, será necessário discutir ajustes na legislação ou criar uma categoria específica que contemple veículos ultracompactos de baixa velocidade.
Público ideal
Mesmo com limitações, existe um público específico que pode se interessar pelo modelo. O foco está em quem utiliza scooters elétricas ou motocicletas, mas busca mais conforto e proteção para o cotidiano. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife possuem regiões onde a velocidade média de circulação é inferior a 25 km/h durante grande parte do dia. Nesse contexto, um carro elétrico limitado a 45 km/h não representaria perda significativa de desempenho, especialmente para trajetos curtos e frequentes.
A Aima aposta também na sua rede de distribuição, composta por 17 lojas próprias e mais de 45 revendas multimarcas. A presença física permite que consumidores conheçam o produto pessoalmente, entendam suas restrições e avaliem se ele realmente atende às necessidades do dia a dia. O convencimento, no entanto, dependerá não apenas do preço, mas da capacidade de o público aceitar um novo tipo de mobilidade, ainda pouco explorado no Brasil.
O que esperar
O lançamento previsto para março de 2026 abre uma discussão importante sobre acessibilidade e mobilidade urbana. Se aprovado, o carro elétrico da Aima poderá inaugurar um novo segmento no país, oferecendo uma alternativa barata, funcional e voltada para centros urbanos. Entretanto, o impacto dependerá fortemente das decisões legais, da aceitação cultural e da real utilidade percebida pelo consumidor brasileiro. Enquanto marcas buscam soluções mais baratas para o futuro elétrico, projetos como o A05 mostram que a eletrificação pode, sim, atingir camadas mais amplas da população.
A chegada desse modelo reforça a tendência de diversificação no mercado automotivo e coloca pressão sobre outras fabricantes para desenvolver soluções igualmente acessíveis. Com o avanço gradual da infraestrutura de recarga e o interesse crescente por mobilidade sustentável, veículos como o A05 podem ganhar espaço. Mas, até lá, ainda existem perguntas importantes sobre segurança, circulação e eficiência que precisam de resposta.
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