Canadá dá troco nos EUA com nova tarifa de 25% e mexe com o setor automotivo
A tensão comercial entre Canadá e Estados Unidos acaba de ganhar um novo capítulo. Em resposta direta às novas taxas impostas por Washington sobre veículos e autopeças canadenses, Ottawa decidiu contra-atacar com medidas igualmente duras — e estratégicas.
A nova política anunciada pelo governo canadense estabelece uma tarifa de 25% sobre veículos fabricados nos EUA, desde que eles não cumpram as exigências do acordo USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá). A medida é um espelho das sanções aplicadas pelos norte-americanos e, ao mesmo tempo, um gesto calculado para proteger a indústria local.

Guia do Conteúdo
Estratégia da Tarifa com foco cirúrgico
Diferente do que muitos esperavam, o Canadá decidiu preservar as autopeças produzidas nos EUA que são essenciais para manter as linhas de montagem operando em solo canadense.
Componentes como motores e transmissões continuarão isentos da nova tarifa. Eles foram classificados como “bens estratégicos” pelo governo canadense, com o objetivo de manter a cadeia de produção funcionando sem rupturas.
De acordo com o líder do Partido Liberal, Mark Carney, essa medida tem como prioridade proteger os empregos e a produção nacional, sem cortar o fluxo de peças que mantém o setor automotivo girando.
Veículos prontos sob ataque
Já os veículos completos fabricados nos Estados Unidos, quando não estiverem em conformidade com as regras do USMCA, serão penalizados com os 25% de tarifa.
Caso os veículos estejam parcialmente dentro do acordo, a taxa será proporcional ao conteúdo que não é canadense. É uma forma de aplicar a retaliação sem ferir por completo a parceria comercial entre os países.
Modelos vindos do México, por sua vez, estão liberados da cobrança. O país, segundo Carney, continua respeitando os termos do acordo trilateral e, por isso, não será penalizado pelas medidas.
Indústria em alerta
As consequências dessas decisões já estão sendo sentidas na prática. A montadora Stellantis, por exemplo, confirmou a paralisação temporária de sua fábrica em Windsor, Ontário, por pelo menos duas semanas.
A unidade é responsável pela produção de modelos como as minivans Chrysler e o novo Dodge Charger elétrico. Além disso, cerca de mil trabalhadores nas fábricas de Michigan e Indiana também foram dispensados temporariamente.
A interrupção das atividades é uma resposta direta à insegurança provocada pelas novas tarifas, que afetam o equilíbrio do setor nos dois países.
Sindicato apoia decisão com ressalvas
O principal sindicato automotivo do Canadá, a Unifor, manifestou apoio à retaliação, mas com ressalvas.
Eles defendem que a taxação deve atingir veículos prontos vindos dos EUA, e não peças fundamentais para manter a indústria nacional funcionando. A decisão do governo, portanto, atende exatamente a essa recomendação.
Segundo o sindicato, atingir peças estratégicas colocaria milhares de empregos em risco e paralisaria fábricas importantes. Já a imposição sobre veículos finalizados tem um impacto direto nos fabricantes americanos sem afetar diretamente a produção no Canadá.
O tamanho do impacto
Em 2024, o Canadá foi o principal mercado mundial para veículos dos EUA, absorvendo cerca de 750 mil unidades por ano — o equivalente a mais de 40% dos carros vendidos no país.
Com a nova tarifa, a previsão do governo é de arrecadar até 8 bilhões de dólares canadenses anualmente. Esse valor, segundo Carney, será utilizado para apoiar trabalhadores e empresas afetadas pela crise comercial.
Além disso, está sendo elaborado um plano específico de compensação para montadoras que continuarem a investir e produzir no país, embora ainda não tenham sido divulgados detalhes sobre como funcionará esse apoio.
Crítica ao posicionamento dos EUA
Mark Carney não poupou palavras ao comentar a postura adotada pelos Estados Unidos. Em um tom direto, ele classificou as novas tarifas como injustificadas e prejudiciais à estabilidade econômica global.
Segundo ele, os Estados Unidos estão abandonando o papel de liderança que exerceram por décadas no comércio internacional. “A era de 80 anos de alianças comerciais baseadas em confiança e respeito chegou ao fim”, afirmou Carney.
A fala evidencia o grau de frustração do Canadá diante da nova política comercial norte-americana, que vem sendo percebida por muitos como unilateral e agressiva.

Caminho de equilíbrio
Diante de um cenário delicado, o Canadá parece estar tentando equilibrar dois interesses: mostrar força contra as tarifas dos EUA, sem colocar em risco sua própria estrutura produtiva.
Ao focar a retaliação em veículos completos e preservar as peças essenciais para sua indústria, o país envia uma mensagem clara: está disposto a se defender, mas com inteligência estratégica.
A tensão comercial ainda está longe de terminar, mas o movimento canadense mostra que as retaliações podem ser calculadas, firmes e ainda assim sustentáveis para a economia nacional.
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