Mistérios e Dilemas do Clássico Volkswagen Santana que Você Precisa Conhecer
O Volkswagen Santana, lançado em 1982 e consagrado como um “clássico” das estradas brasileiras, conquistou gerações de motoristas por sua robustez, baixo custo de manutenção e versatilidade. Contudo, por trás de sua fama, existem detalhes e problemas recorrentes – especialmente no sistema de ar-condicionado – que exigem atenção redobrada, tanto de quem já possui o veículo quanto de quem pensa em adquiri-lo usado. Neste artigo extenso, você vai conhecer a fundo o funcionamento desse sistema, suas principais falhas, as soluções empregadas pelas oficinas e os demais dilemas que permeiam o Santana.

Guia do Conteúdo
Um Pouco da História e a Importância do Santana
Lançado em 1982, o Santana marcou uma geração nas oficinas brasileiras. Durante décadas, esse sedã, que teve diversas versões e evoluções, foi sinônimo de resistência e economia. A engenharia Volkswagen, combinada com o apelo familiar e a robustez mecânica, fez com que o Santana se tornasse uma opção para quem buscava um carro durável, com manutenção acessível e com espaço adequado para a família.
Entre suas qualidades, o sistema de ar-condicionado sempre chamou atenção – tanto pelas inovações implementadas quanto pelos problemas que vinham acompanhando as diferentes gerações do modelo. Desde a utilização de compressores de diferentes fabricantes até as modificações nos acessórios, o Santana se transformou ao longo dos anos, mas manteve características que hoje são lembradas com nostalgia e, ao mesmo tempo, com um certo receio pelos desafios de manutenção.
O Sistema de Ar-Condicionado: Funcionamento e Evolução
Dos Compressores York aos Denso
Nas primeiras versões, até cerca de 1987, o Santana usava um compressor da York – bicilíndrico, com pistões radiais, de 210 cm³ e operação em baixa rotação com uma polia de grande diâmetro. Essa configuração ajudava a fornecer um bom desempenho no resfriamento, mas logo veio uma mudança significativa.
A partir de meados dos anos 1980, passou-se a utilizar um compressor mais leve e compacto da Denso, modelo 6P148, com seis cilindros axiais fixos e 148 cm³ – popularmente conhecido como “compressor DENSO de 8 orelhas”. Esse equipamento equipou o Santana até sua última versão em 2008, marcando uma nova era para o sistema de climatização do modelo.
A Influência do Ford Versailles
De 1991 a 1996, o Santana compartilhou boa parte das peças do sistema de ar-condicionado com o Ford Versailles. Essa intercambialidade de componentes ajudou a padronizar algumas soluções e, ao mesmo tempo, introduziu desafios comuns que afetavam ambos os modelos, tornando os reparos uma experiência familiar para muitos técnicos.
Problemas Comuns e Dicas de Reparos

Instalação Incorreta da Correia de Acessórios
A partir de 1995, o Santana passou a utilizar uma única correia de acessórios com perfil Poly V. Embora essa mudança traga vantagens, como a redução do número de peças, ela também gerou problemas – principalmente por conta de erros na instalação.
Alguns reparadores, por falta de atenção, acabam montando a correia com uma passagem incorreta. O motor pode funcionar normalmente, mas ao ligar o ar-condicionado a correia patina, comprometendo o desempenho do sistema. A solução é simples: utilizar uma chave estrela para aliviar o tensor e repassar a correia na posição correta, garantindo o funcionamento adequado do compressor.
Vazamentos e Manutenção dos Fluidos
Os modelos do Santana passaram por duas grandes fases quanto ao fluido refrigerante utilizado:
- Modelos com R12: Utilizavam cerca de 1000 ml de fluido refrigerante e aproximadamente 200 ml de óleo Mineral ISO 68. Nesses sistemas, as válvulas de serviço geralmente ficam nas conexões do compressor, dificultando o acesso para manutenção.
- Modelos com R134a: Contam com cerca de 700 g de fluido e 200 ml de óleo ND8 – PAG 46. Aqui, a válvula de baixa pressão é posicionada na mangueira próxima à coluna do amortecedor dianteiro do passageiro, enquanto a linha de alta pressão se encontra após o filtro secador. Mesmo com essa disposição, pequenas fugas de fluido são frequentes, principalmente nas conexões das válvulas de serviço.
Além disso, três mangueiras se destacam como pontos comuns de vazamento:
- A mangueira de alta pressão do compressor até o condensador.
- A mangueira de alta pressão do filtro secador até a válvula de expansão.
- A mangueira de baixa pressão que liga a válvula de expansão ao compressor.
Esses componentes, juntamente com as vedações do compressor, exigem cuidados constantes e, muitas vezes, a substituição preventiva para evitar maiores problemas.
Condensador e Radiador: Desgaste e Ineficiências
Nos modelos que utilizam R134a, o condensador já vem equipado com tubos em formato de microcanais, embora ainda mantenha o layout “serpentina”. Essa configuração, apesar de ser uma solução viável na época, possui eficiência inferior aos modernos sistemas de fluxo paralelo. O atrito entre o condensador e o radiador pode causar desgaste prematuro e vazamentos de fluido refrigerante.
O sistema de ar-condicionado é assistido por dois eletroventiladores que operam em conjunto – acionados pelo relé 13 e uma resistência que reduz a tensão para que os ventoinhas trabalhem na primeira velocidade. É comum que essa resistência queime, fazendo com que a baixa velocidade não seja acionada, o que prejudica a refrigeração do veículo.
Válvula de Expansão e Pressostatos
O Santana utiliza uma válvula de expansão “Block”, cujo acesso se dá pela parte externa do painel, logo abaixo do acumulador de carga. Esse componente apresenta dificuldades de manutenção devido à sua localização e conexões de difícil acesso.
Para monitorar a pressão na linha de alta, o sistema conta com dois pressostatos de 2 pinos cada, fixados no filtro secador. Um pressostato atua abrindo os contatos caso a pressão caia ou ultrapasse um certo limite, enquanto o outro fecha os contatos quando a pressão atinge entre 16 a 20 bar, acionando o relé que ativa a segunda velocidade dos eletroventiladores.
O filtro secador, que possui um sight glass para auxiliar no diagnóstico, é um item frequentemente substituído nas oficinas. Ele ainda conta com uma válvula de segurança que, se rompida por pressão excessiva, pode esvaziar todo o fluido refrigerante do sistema – um problema sério que compromete a eficácia do ar-condicionado.
Termostato e Controle de Temperatura
Devido ao compressor de fluxo fixo, o sistema do Santana necessita de um termostato para evitar o congelamento do evaporador, mantendo sua temperatura próxima de zero grau Celsius. Nos modelos mais recentes, esse termostato não possui regulagem e atua de forma simples, enquanto os modelos anteriores a 1991 contavam com versões ajustáveis.
Para regular a temperatura no interior, o motorista precisa ajustar o ar quente, que se mistura com o ar frio. No entanto, problemas como vazamentos no radiador de ar quente e falhas na caixa de ventilação são comuns – muitas vezes, a própria caixa se deteriora com o tempo, devido à fragilidade do material, dificultando a substituição de maneira isolada.
Outros Problemas e Particularidades do Sistema
- Drenagem e Infiltrações:
É frequente que o passageiro, sem perceber, desconecte a mangueira do dreno da caixa evaporadora, ocasionando gotejamentos de água de condensação no assoalho do carro. Essa infiltração pode, inclusive, molhar o carpete e comprometer o isolamento acústico. - Regulação do Ar Quente:
O acionamento do ar quente se dá por meio de um cabo de aço que aciona um braço mecânico localizado entre o carpete e a caixa de ar quente. Com o tempo, esse cabo pode se soltar ou desregular, fazendo com que o ar quente permaneça ligado mesmo quando não desejado. - Comando e Ventilação Interna:
Os controles do sistema – incluindo a seleção de velocidade dos ventiladores, o fluxo de ar e a função “frio MÁXIMO” (que aciona a recirculação do ar) – podem apresentar problemas mecânicos. A alavanca seletora da velocidade do ventilador, por exemplo, é conhecida por derreter com o tempo, enquanto as articulações dos comandos podem quebrar, exigindo substituição. A resistência da ventilação interna, instalada abaixo do porta-luvas, também é um ponto crítico de falha. - Interferência com o Sistema de Injeção:
Em situações de marcha lenta, o compressor pode entrar em um ciclo de liga e desliga intermitente. Isso ocorre porque o módulo de injeção, para evitar que o motor desande, desativa o relé do compressor em baixas rotações – um problema que só é resolvido com ajustes precisos por profissionais especializados em injeção eletrônica.
A Visão dos Proprietários e a Relevância do Santana
Além dos aspectos técnicos do sistema de ar-condicionado, as opiniões dos donos do Volkswagen Santana revelam uma perspectiva prática sobre o veículo. Muitos proprietários elogiam a robustez mecânica, a facilidade de manutenção e o baixo custo das peças. Relatos indicam que, mesmo com os problemas conhecidos – como pequenos vazamentos, desgastes no interior e questões no sistema de climatização – o Santana continua sendo valorizado por sua confiabilidade e desempenho em longas viagens.
Alguns pontos destacados pelos donos incluem:
- Desempenho e Economia: O Santana é frequentemente elogiado por seu motor disposto e pela economia de manutenção, mesmo que o consumo, especialmente com o ar ligado, não seja dos melhores.
- Conforto e Espaço: Apesar de críticas quanto à qualidade dos materiais internos e à infiltração de água no porta-malas, muitos consideram o veículo espaçoso e adequado para famílias, com um porta-malas generoso.
- Durabilidade e Custo-Benefício: Muitos relatos ressaltam que, mesmo com as limitações e problemas típicos de um carro com décadas de estrada, o Santana se mantém como uma opção viável para quem busca um automóvel robusto, com peças de fácil reposição e manutenção simples.

Fim da Notícia!
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