Carros Elétricos no Brasil: O Que Está Impedindo o Crescimento?

Nos últimos anos, os carros elétricos começaram a ganhar espaço no mercado automotivo brasileiro. Empresas estrangeiras como BYD, GWM, Peugeot e Volvo estão trazendo seus modelos para as ruas do país, oferecendo aos motoristas uma alternativa mais sustentável. A popularização dos veículos elétricos, embora promissora, ainda enfrenta obstáculos consideráveis no Brasil. O crescimento das vendas de veículos elétricos, embora visível, ainda é um desafio devido a fatores como a falta de infraestrutura de recarga e o aumento da carga tributária sobre o setor.

A economia a longo prazo do carro elétrico

Apesar de o preço de aquisição de um veículo elétrico ser mais alto, muitos motoristas enxergam essa despesa como um investimento vantajoso no longo prazo. A economia com combustível é um dos principais atrativos dos carros elétricos. Marcos Freitas, motorista de aplicativo, compartilhou sua experiência com o DP Auto, relatando que economiza mais de R$ 2.000 por mês após trocar seu antigo SUV T-Cross, da Volkswagen, por um modelo da BYD, o Dolphin Mini. “Eu gastava cerca de R$ 3.000 por mês com o T-Cross. Agora, meu gasto com a carga do Dolphin gira em torno de R$ 450 a R$ 500 mensais”, explicou Marcos. Ele carrega seu veículo nos estacionamentos de shoppings, onde paga uma taxa de R$ 18 a R$ 20 por carga.

Xiaomi lança carro elétrico antes da apple.
Foto: Divulgação/ Xiaomi

Outro exemplo é o caso de Aline Diniz, médica residente no interior de Pernambuco. Ela também percebeu uma grande economia ao trocar seu carro convencional, um Volvo XC 40, por um modelo elétrico. Aline, que faz viagens longas entre cidades, explicou que sua conta mensal com combustível antes da troca superava os R$ 3.000. Agora, com o carregamento feito em casa, ela gasta em média R$ 200 mensais com energia, graças ao uso de energia solar. Aline também investiu em um carregador rápido de 22 kWh para sua residência, cujo custo foi de cerca de R$ 10.000.

Além da economia com combustível, em Pernambuco, um incentivo a mais é a isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para carros 100% elétricos. Para exemplificar, em 2024, um carro avaliado em R$ 50 mil teria um IPVA de R$ 1.200, enquanto os carros elétricos não pagam nada. Isso torna a compra de veículos elétricos ainda mais atrativa no estado.

Os obstáculos para o crescimento do mercado

Embora o custo-benefício de um carro elétrico seja evidente para muitos motoristas, a infraestrutura de recarga no Brasil ainda é um grande obstáculo. A falta de pontos de carregamento acessíveis é um dos principais empecilhos para que os carros 100% elétricos se tornem uma opção viável para todos os brasileiros. Nathan Baranauskas, Supervisor de Marketing Produto da BYD, comentou sobre essa questão: “Ainda é uma barreira que a gente tem que ultrapassar. Aos poucos, a gente está conseguindo avançar, e hoje já é possível encontrar carregadores em restaurantes e paradas de estrada”.

Mesmo com esse desafio, Baranauskas é otimista. Ele acredita que, com o aumento da frota de carros elétricos, a demanda por pontos de recarga crescerá, e mais lugares se adaptarão para atender a esse mercado. O próprio aumento no número de estações de carregamento já é um reflexo do crescimento do mercado, embora ainda seja insuficiente para atender à demanda crescente.

Outro fator que prejudica a popularização dos carros elétricos no Brasil é o aumento dos impostos. Desde 1º de julho de 2024, a tarifa de importação para carros elétricos subiu de 10% para 18%, e em 2025, a taxa deverá subir para 25%. A partir de julho de 2026, a tarifa de importação poderá chegar a 35%. Para Ricardo Bastos, diretor de Assuntos Institucionais da GWM Brasil, essa mudança pode prejudicar ainda mais o mercado: “Sem dúvida o imposto de importação impactou no crescimento das vendas. A projeção de crescimento deste ano, superior a 60%, é importante e poderia ser ainda melhor, se tivéssemos a manutenção da tributação do ano passado.”

A autonomia dos veículos elétricos e viagens de longa distância

Outro ponto crucial na escolha de um veículo elétrico é a autonomia, ou seja, a quantidade de quilômetros que o carro pode percorrer com uma única carga de bateria. A autonomia varia bastante, dependendo do modelo. Os veículos de entrada oferecem uma autonomia de cerca de 150 km, enquanto modelos mais caros conseguem percorrer até 500 km por carga. Para muitas pessoas, a autonomia é um fator determinante na decisão de comprar um carro elétrico.

Marcos Freitas, apesar de ser um defensor do carro elétrico, acredita que, por enquanto, não é viável ter um carro 100% elétrico no Brasil. “Ainda não acho viável devido à falta de pontos de carregamento”, afirmou. Porém, ele também reconhece que, com a expansão das estações de recarga e a possibilidade de instalar carregadores em casa, o cenário pode mudar em breve.

Aline Diniz, no entanto, tem uma visão diferente. Ela já fez várias viagens longas, incluindo viagens interestaduais, e não encontrou dificuldades para carregar seu carro elétrico durante o trajeto. “O que precisa ser feito é programar a viagem e observar os pontos de carregamento no caminho. O mercado de eletropostos está crescendo, e isso facilita muito para quem possui um veículo 100% elétrico”, avaliou Aline.

Benefícios para o meio ambiente

Um dos principais argumentos a favor dos veículos elétricos é o seu impacto ambiental. Carros movidos a gasolina ou diesel emitem grandes quantidades de CO2, contribuindo significativamente para o aquecimento global. Em média, um carro a combustão pode emitir entre 10 kg e 25 kg de CO2 a cada 100 km rodados. Se considerarmos um carro que percorre 20 km por dia (ou cerca de 7.300 km por ano), isso pode resultar em até 1.260 kg de CO2 emitido anualmente.

Por outro lado, um carro 100% elétrico (BEV) com energia brasileira emite apenas cerca de 21,45 kg de CO2eq ao longo do mesmo percurso. O maior impacto ambiental dos veículos elétricos ocorre durante a produção, especialmente devido à fabricação das baterias de lítio, que são responsáveis por uma grande parte da emissão de CO2 ao longo da vida útil do carro.

O futuro dos carros elétricos no Brasil

Com o aumento das vendas e o crescimento da infraestrutura de recarga, os carros elétricos estão cada vez mais próximos de se tornarem uma realidade para a maioria dos brasileiros. No entanto, a alta carga tributária e a falta de pontos de carregamento continuam sendo desafios que precisam ser superados. Para que o mercado de veículos elétricos se expanda de forma sólida no Brasil, é necessário que o governo adote políticas mais favoráveis e que a infraestrutura de recarga seja ampliada de forma significativa.

Xiaomi lança carro elétrico antes da apple.
Foto: Divulgação/ Xiaomi

Conclusão: O futuro dos carros elétricos no Brasil é promissor, mas a realidade atual ainda apresenta alguns obstáculos, como a falta de infraestrutura e a carga tributária elevada. Apesar disso, a economia a longo prazo, os incentivos fiscais em alguns estados e a crescente adoção de veículos elétricos mostram que, com o tempo, a popularização desses veículos no Brasil é uma possibilidade real.

O Aumento dos Impostos e os Efeitos na Acessibilidade

O aumento da carga tributária para os carros elétricos, especialmente os importados, está sendo um golpe duro para muitos consumidores e para a indústria do setor. Os carros elétricos ainda são considerados uma categoria de veículos de custo elevado, com preços bem superiores aos dos modelos movidos a combustão. Quando o governo aumenta a taxa de imposto, o impacto no preço final do veículo é direto. Isso pode afastar potenciais compradores, que precisam considerar se o custo de aquisição é justificável frente aos benefícios de ter um carro movido a energia elétrica.

Em um cenário de crescimento da classe média brasileira, onde a busca por alternativas sustentáveis de transporte começa a ganhar força, o preço se torna um fator de decisão. Embora o Brasil tenha um grande potencial para a eletrificação de sua frota, especialmente com o uso crescente de energias renováveis, as políticas fiscais ainda não são favoráveis para incentivar a compra de carros elétricos. Ricardo Bastos, da GWM Brasil, observa que essa situação pode ser um freio no progresso do setor.

“Com a alta do imposto, muitos consumidores ficam com a sensação de que o valor do carro já elevado se torna ainda mais fora de alcance. Isso pode ser um dos maiores obstáculos para a massificação da tecnologia elétrica”, explicou Bastos. Para ele, o mercado de carros elétricos poderia crescer de forma muito mais acelerada se houvesse um incentivo fiscal maior, como isenções ou redução dos impostos sobre os carros importados.

A Autonomia: Como o Desempenho dos Carros Elétricos Está Evoluindo?

Outro ponto de grande relevância para os motoristas brasileiros que estão considerando a migração para os carros elétricos é a autonomia dos veículos. Esse é um fator determinante, especialmente para aqueles que vivem em regiões mais distantes dos centros urbanos, ou que realizam viagens longas com frequência. A autonomia dos carros elétricos evoluiu bastante, com os modelos de entrada apresentando uma autonomia de cerca de 150 km por carga, enquanto modelos de marcas renomadas chegam a 500 km.

Ainda assim, a necessidade de um planejamento detalhado das rotas para incluir os pontos de carregamento continua a ser uma limitação, especialmente para os motoristas que costumam viajar por áreas onde a rede de pontos de carregamento é ainda escassa. Este fator de “planejamento de viagem” pode ser um desafio para os motoristas que não têm o hábito de planejar suas rotas com antecedência ou que não moram em grandes cidades, onde a infraestrutura de carregamento é um pouco mais desenvolvida.

Para Marcos Freitas, motorista de aplicativo que atualmente dirige um carro elétrico, essa é uma das dificuldades mais notáveis. “Hoje em dia, eu ainda não vejo o carro 100% elétrico como uma opção viável para quem trabalha com viagens longas. A falta de pontos de carregamento é um fator crucial. No entanto, acredito que no futuro, com a expansão da rede de carregamento, isso será superado”, afirma Freitas.

Por outro lado, para Aline Diniz, médica que vive no interior de Pernambuco e dirige um XC 40 da Volvo, a experiência tem sido positiva. Mesmo com algumas viagens interestaduais, ela não encontrou grandes dificuldades. “Eu sempre planejo minhas viagens e faço uma pesquisa sobre os pontos de carregamento ao longo do trajeto. A rede de carregamento tem crescido muito, o que facilita a escolha de um carro totalmente elétrico”, afirmou Aline. Isso reflete uma mudança no comportamento de alguns motoristas, que já estão se acostumando a integrar as estações de carregamento à rotina de viagens.

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Benefícios Ambientais: Menos Poluição e Sustentabilidade

Embora a adaptação do consumidor e a evolução da infraestrutura sejam obstáculos significativos para a aceitação dos carros elétricos no Brasil, os benefícios ambientais dessa tecnologia são um fator importante para quem busca contribuir para a redução da poluição. Os carros movidos a gasolina, por exemplo, emitem entre 10 kg e 25 kg de CO2 a cada 100 km rodados. Para um motorista comum, isso pode representar até 1.260 kg de CO2 emitidos anualmente. Em contraste, um carro 100% elétrico (BEV) no Brasil emite cerca de 21,45 kg de CO2eq por 100 km rodados, o que significa uma redução considerável na pegada de carbono.

Embora os carros elétricos sejam responsáveis por emissões de CO2 durante a produção, especialmente devido ao uso de baterias de lítio, o impacto ambiental de sua operação é significativamente menor. A produção das baterias ainda é um desafio, mas, com o tempo, espera-se que as tecnologias de fabricação se tornem mais eficientes e que o ciclo de vida das baterias melhore, reduzindo a pegada de carbono associada à sua produção.

Governo quer impulsionar fábricas de veículos elétricos.
Governo quer impulsionar fábricas de veículos elétricos.

Além disso, com o crescente uso de energias renováveis no Brasil, como a solar e a eólica, a eletrificação dos veículos ganha uma dimensão ainda mais positiva, pois os carros elétricos têm o potencial de funcionar com energia proveniente de fontes limpas e sustentáveis, reduzindo ainda mais sua contribuição para a poluição global.

Para Aline, a adoção de um carro elétrico foi uma forma de alinhar seu compromisso com a sustentabilidade. “Eu faço o meu papel reduzindo o consumo de combustíveis fósseis e contribuindo para um futuro mais sustentável. A ideia de que o meu carro não emite gases poluentes na estrada é uma das maiores motivações para minha escolha”, afirmou a médica. Esse sentimento de contribuir para um planeta mais verde é um fator que tem conquistado cada vez mais adeptos dos carros elétricos.

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Um jovem que está iniciando sua vida no mundo automobilístico, carregando uma enorme paixão sobre o assunto. Se formou no Ensino Médio e pretende se ingressar em uma faculdade. Um jovem que nos tempos vagos, se interessa em fazer atividades familiares e passar mais tempo com a família.
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