Nissan Frontier Attack 4×4: A picape que decepciona mais do que empolga – vale a pena investir?
A Nissan Frontier Attack 4×4, uma das opções mais conhecidas entre as picapes médias, tem sido uma escolha popular no Brasil, mas será que ela realmente entrega o que promete? Depois de ter sua produção nacional encerrada em 2016, a Frontier foi reposicionada no mercado brasileiro com uma nova geração, vinda da Argentina desde 2018. No entanto, essa versão já está no mercado há mais de oito anos e enfrenta dificuldades frente a concorrentes mais novas, como a Ford Ranger e a Toyota Hilux, que dominam as vendas.
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Ao analisar a Frontier Attack 4×4 2025, ficou claro que a Nissan teve dificuldades para modernizar um modelo já considerado ultrapassado, com mais de uma década de presença no mercado. E, embora a picape possua alguns atrativos, ela deixa muito a desejar, especialmente quando comparada com modelos mais recentes e inovadores.

Guia do Conteúdo
A Luta para Acompanhar a Concorrência
Embora a Frontier tenha sido um sucesso inicial, suas vendas em 2024 caíram significativamente, colocando-a em quinto lugar, atrás de modelos como a Hilux, Ranger, S10 e Triton. Para piorar, no final de 2024, até modelos como a Amarok e a Titan conseguiram ultrapassar a Frontier nas vendas. Isso sugere que, apesar de seu status no passado, a picape não está conseguindo acompanhar as necessidades e os desejos dos consumidores brasileiros.
Quando a Nissan decidiu lançar a versão 2025 da Frontier, focou em algumas melhorias estéticas, principalmente na versão Attack, que é considerada intermediária e com apelo aventureiro. No entanto, esses detalhes não foram suficientes para tornar o modelo competitivo em termos de desempenho, conforto e inovação.
Pronúncia Errada, Mas com Charme Aventureiro
Antes de entrar nos detalhes da avaliação, é interessante observar um fenômeno curioso que ocorre no Brasil: a pronúncia do nome da picape. No Brasil, muitos insistem em pronunciar “Frontier” de uma forma equivocada, como se fosse uma palavra em francês (“Frontiér”), enquanto o nome é pronunciado corretamente como em inglês, que significa “fronteira”. Isso cria uma espécie de confusão, até mesmo nas concessionárias, onde os próprios vendedores cometem o erro de pronunciar o nome da picape de forma errada.
Mas, deixando a pronúncia de lado, o design da Frontier Attack realmente chama a atenção. A picape apresenta um visual mais robusto e alinhado com o que se espera de um modelo aventureiro de 2025, com muitos detalhes sem pintura, como os paralamas alargados. No entanto, um detalhe que não passou despercebido foi a utilização de molduras plásticas exageradas nos paralamas, que, ao olhar pela lateral, fazem com que as rodas de 17 polegadas pareçam ainda menores do que realmente são. Esse elemento estético pode agradar alguns, mas para outros pode parecer desproporcional e exagerado.
O preço da versão Attack, que gira em torno de R$ 270.000, também é um ponto de destaque. Em comparação com as versões mais simples da Frontier, como a S e SE, que custam de R$ 246.000 a R$ 256.000, a versão Attack oferece mais recursos e tração 4×4, o que é uma excelente relação custo-benefício. Contudo, se a tração 4×4 não for um item imprescindível para o comprador, a Ford Ranger Black, por R$ 238.900, se apresenta como uma opção mais moderna e com um custo menor.

Motor e Desempenho: O Que Deixa a Desejar
Em termos de motorização, a Frontier Attack é equipada com o motor 2.3 biturbo de 190 cavalos e 45,9 kgfm de torque, acoplado a um câmbio automático de sete marchas. Esse motor está um pouco atrás de seus concorrentes, como a S10 (207 cv), a Triton (205 cv) e a Hilux (204 cv), mas ainda assim é potente o suficiente para proporcionar um desempenho razoável, especialmente quando a picape não está carregada.
No entanto, o motor 2.3 biturbo tem um problema persistente: a falta de desenvoltura. Mesmo com um bom câmbio, a picape apresenta uma hesitação irritante quando o acelerador é pressionado de forma brusca, especialmente em situações como ao reduzir a velocidade e precisar acelerar novamente. Isso se traduz em um “lag” que lembra o de carros com motores 1.0 turbo, o que não é ideal para quem procura uma resposta rápida e ágil em situações de emergência.
Outro ponto a ser destacado é o consumo de combustível. Durante a nossa avaliação, a Frontier Attack teve uma média de 7,5 km/l na cidade, o que não é um número excelente para uma picape, principalmente se comparado a concorrentes mais modernas. Embora o desempenho no geral seja satisfatório, a hesitação do motor em momentos cruciais e o consumo de combustível acima da média deixam a desejar.
Suspensão: Onde a Frontier Brilha e Onde Ela Falha
A suspensão da Frontier Attack é um dos aspectos que mais geram elogios entre os proprietários e especialistas. A suspensão traseira com conjunto multilink e molas helicoidais proporciona uma condução mais suave e um melhor desempenho em terrenos difíceis. Em uso urbano, a caçamba da Frontier não fica pulando a cada imperfeição da estrada, como é comum em outras picapes da categoria.
No entanto, a suspensão dianteira, que deveria acompanhar o desempenho da traseira, deixa a desejar. Ao passar por travessias elevadas e obstáculos comuns nas ruas, a suspensão dianteira apresentou um desempenho decepcionante, com muitos balanços e até fim de curso nos amortecedores. Esse comportamento pode ser irritante para os motoristas que preferem um conforto superior ao transitar por áreas urbanas.
Interiores e Detalhes de Acabamento: Um Passo Atrás
Ao entrar na Frontier Attack, a sensação de que a Nissan deixou de acompanhar as tendências do mercado é imediata. O interior da picape é bastante simples e lembra o acabamento do Sentra antigo, que foi vendido no Brasil até 2020. O volante, por exemplo, tem apenas regulagem de altura, o que é uma surpresa para um modelo que custa R$ 270.000. Além disso, a central multimídia é antiquada e não permite a conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, exigindo sempre o uso de cabos, algo que muitos modelos concorrentes já oferecem há algum tempo.
Outro ponto negativo é o acabamento das portas. A unidade testada apresentava rebarbas irritantes na parte superior da porta do motorista, onde normalmente se apoia o braço, o que causou desconforto durante a condução. Detalhes como esse são inaceitáveis em um modelo de alto custo.
Para Quem é a Frontier Attack?
A Frontier Attack 2025 é uma picape robusta, com bom desempenho off-road, motor potente e tração 4×4. Se você procura uma picape capaz de encarar terrenos difíceis e está disposto a abrir mão de um visual mais moderno e de um acabamento mais refinado, a Frontier pode ser uma opção interessante. No entanto, se você busca um modelo com maior sofisticação, desempenho mais ágil e mais recursos de tecnologia, outras opções, como a Ford Ranger Black, podem ser mais adequadas.

No final das contas, a Frontier Attack 2025 não consegue esconder sua idade e fica atrás de muitos dos seus concorrentes diretos. Se o mercado de picapes estiver buscando por um modelo de “shopping center”, talvez seja melhor procurar em outro lugar.
