Frontier Pro-4X: A picape que se disfarça de off-road premium, mas já mostra sinais de cansaço?
A Nissan Frontier sempre foi uma das favoritas entre os brasileiros que gostam de uma picape robusta e versátil. Mas, com a chegada da nova Ford Ranger e os avanços da Chevrolet S10, será que a Frontier ainda tem fôlego para competir entre as gigantes? A versão Pro-4X, topo de linha com proposta off-road e visual agressivo, promete muito — mas entrega tudo o que custa?
Neste artigo, você vai conhecer todos os detalhes da Frontier Pro-4X, desde o design, motor, desempenho, até o que ela perde para suas rivais. E acredite: mesmo com seu estilo parrudo e preço de R$ 315 mil, há sinais claros de que a concorrência apertou.

Guia do Conteúdo
Design que impõe respeito
Logo de cara, a Frontier Pro-4X se destaca. Com detalhes em preto fosco, emblemas da Nissan em vermelho, rodas de 17 polegadas calçadas com pneus All-Terrain e até ganchos de reboque expostos, o visual grita “sou pronta para a trilha”. A caçamba recebe santantônio tubular, protetor, capota marítima e o nome “Frontier” estampado em baixo relevo. Tudo isso parece reforçar a identidade off-road da picape, que foi desenvolvida para enfrentar desafios dentro e fora do asfalto.
Mas não é só na aparência que a Pro-4X tenta se diferenciar. Ela vem com ângulo de ataque de 31,6º, de saída de 25,7º e vão livre de 25,2 cm, além de tração 4×4 com reduzida e bloqueio eletrônico do diferencial traseiro. Isso significa que ela encara com tranquilidade terrenos acidentados, lama, areia e até subidas íngremes.
Interior: conforto sim, mas já pede renovação
Por dentro, a Frontier Pro-4X aposta no couro com costuras vermelhas, banco do motorista com ajuste elétrico e inscrição da versão bordada no encosto. O ar-condicionado é digital com duas zonas e há saídas de ar para os passageiros de trás. Ela ainda conta com teto solar, entrada USB tipo A e C, partida por botão e chave presencial.
O multimídia tem tela de 8” com Android Auto e Apple CarPlay, câmera 360º, sensores de estacionamento e sistema de som com seis alto-falantes. Porém, a central começa a mostrar sinais de cansaço — a interface não é das mais rápidas, e a tela responde com atraso aos comandos.
Além disso, a coluna de direção só tem ajuste de altura (não de profundidade), e apenas o vidro do motorista tem função “um toque” para subir e descer — detalhes que rivais como Ranger e S10 já superaram.
Motorização: força com limites
Debaixo do capô, a Pro-4X carrega o conhecido motor 2.3 biturbo diesel, com 190 cv e 45,9 kgfm de torque. O câmbio é automático de sete marchas. Os números são bons e garantem uma condução firme e competente, com trocas suaves e respostas rápidas.
Mas é aqui que a Frontier começa a ficar para trás. A Chevrolet S10, por exemplo, traz motor 2.8 de 207 cv com 52 kgfm, e a nova Ford Ranger entrega nada menos que 250 cv e 61,2 kgfm com seu V6. Em desempenho, a Nissan perde:
- 0 a 100 km/h em 11,3 segundos na Frontier
- S10 faz em 9,4 s,
- Ranger, em 9,2 s
Para quem quer desempenho bruto, a diferença pode pesar.
Consumo e autonomia
Segundo o Inmetro, a Pro-4X faz:
- 9,1 km/l na cidade
- 11 km/l na estrada
Com tanque de 73 litros, a autonomia é decente. Mas, novamente, os concorrentes entregam números similares ou melhores, com motores mais potentes e até mais eficientes em alguns casos.

Espaço interno e caçamba: pontos positivos
Com 3,15 m de entre-eixos, a Frontier oferece bom espaço interno, especialmente na frente. Atrás, o espaço para pernas e joelhos é apenas razoável, mas a inclinação do encosto ajuda no conforto. A caçamba é um dos destaques:
- 1.054 litros de volume
- Capacidade de carga de 1.030 kg
- Medidas: 1,50 m (C) x 1,56 m (L) x 47 cm (A)
É mais do que muitas rivais oferecem, e a leveza da tampa traseira facilita o uso no dia a dia.
Condução: mais suave que bruta
Apesar do visual agressivo, a Frontier não é a mais esportiva entre as picapes médias. Seu foco está mais na condução confortável, com um acerto de suspensão bem feito: braços sobrepostos na dianteira e eixo rígido com multilink atrás.
Na prática, isso significa que ela absorve bem buracos e irregularidades, mesmo com a caçamba vazia. Em curvas, há pouca rolagem da carroceria, o que traz segurança e estabilidade. A direção hidráulica, embora um pouco pesada em manobras, passa firmeza em altas velocidades.
Equipamentos de segurança e conforto
A Pro-4X é bem equipada em segurança. Entre os principais itens, estão:
- 6 airbags
- Câmera 360°
- Sensores de estacionamento
- Sistema de detecção de objetos em movimento
- Freios ABS com EBD
- Controle de tração e estabilidade
Mas faltam recursos que já são comuns nos concorrentes: alerta de colisão frontal, frenagem autônoma, controle adaptativo de cruzeiro e alerta de ponto cego — todos ausentes.
Concorrência acirrada
O preço da Pro-4X, hoje em R$ 315.690, a coloca em disputa direta com nomes de peso:
- Ford Ranger XLT 3.0 V6 – R$ 308.600
- Chevrolet S10 Z71 – R$ 309.690
- Toyota Hilux SRV – R$ 309.590
- VW Amarok V6 Comfortline – R$ 313.990
Todas com propostas semelhantes, motores mais potentes e pacotes de tecnologia competitivos.
Público fiel, mas exigente
Mesmo com as limitações, a Frontier tem seu público no Brasil. Segundo a Fenabrave, entre janeiro e abril de 2025 foram 3.237 unidades emplacadas. Ainda abaixo das 10.343 unidades da Ranger e 8.398 da S10, mas à frente da Fiat Titano (3.159).
O modelo da Nissan se mantém como uma opção sólida para quem busca uma picape confiável, com bom conforto e design marcante. Mas, se quiser manter esse público e avançar, vai precisar de mais que visual.
Veredicto: vale os R$ 315 mil?
A Nissan Frontier Pro-4X tem qualidades, principalmente no design, suspensão e robustez da caçamba. Mas já dá sinais de envelhecimento, principalmente em tecnologia de cabine e desempenho frente aos novos rivais.

Para quem valoriza estilo e uma picape pronta para aventuras off-road, ela entrega. Mas quem busca desempenho forte, mais tecnologia embarcada e interior moderno, pode se sentir tentado a ir para uma Ranger ou Amarok.
