Domínio inesperado: Hyundai HB20S desbanca Onix Plus e assume liderança entre os sedãs em maio
Em um mercado automotivo cada vez mais dominado pelos SUVs, o sedã Hyundai HB20S provou que ainda há espaço — e força — para os três volumes. Os dados mais recentes da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), referentes ao mês de maio, revelam uma virada significativa no segmento: o HB20S assumiu a liderança entre os sedãs mais vendidos do Brasil, superando o tradicional campeão, o Chevrolet Onix Plus.
A virada é simbólica num momento em que as montadoras priorizam os SUVs, enquanto os sedãs veem sua participação de mercado encolher mês após mês. Atualmente, os utilitários esportivos ocupam 53,2% do total de emplacamentos, deixando aos sedãs apenas cerca de 4,5% — uma queda considerável frente aos anos anteriores.

Mesmo com o cenário desfavorável, o HB20S mostrou vigor e terminou maio com 4.421 unidades vendidas, superando o Onix Plus, que registrou 3.924 unidades no mesmo período. A diferença de quase 500 unidades mostra que a preferência do consumidor ainda pode surpreender o mercado.
Guia do Conteúdo
O que está por trás da queda do Onix Plus?
Embora o desempenho do HB20S seja digno de destaque, não dá para ignorar os fatores externos que influenciaram o desempenho do Onix Plus em maio. A General Motors (GM), fabricante do modelo, enfrentou dificuldades operacionais em sua planta de Gravataí (RS), uma das mais importantes do país.
A unidade gaúcha foi paralisada entre 17 de fevereiro e 14 de março, período em que a GM concedeu férias coletivas e implementou “days off” (dias de folga não remunerados). Após uma breve retomada, nova interrupção começou em 22 de abril e se estende até 25 de junho. Com isso, a produção do Onix — tanto na versão hatch quanto no sedã — ficou severamente comprometida, afetando diretamente a disponibilidade nas concessionárias.
Mas nem tudo está perdido para o Onix Plus. A GM prepara o lançamento da nova geração do modelo, com estreia prevista para o início do segundo semestre. Inspirado no design do Monza chinês, o facelift trará faróis mais estreitos, mudanças no capô e para-choque, além de uma central multimídia renovada — um dos itens mais valorizados pelos consumidores.
Virtus e Corolla: consolidados, mas sob pressão
Na terceira posição do ranking aparece o Volkswagen Virtus, que recentemente passou por atualização e agora está disponível na linha 2026. Com 3.317 unidades emplacadas, o sedã da VW mostra estabilidade e uma clientela fiel, sobretudo entre motoristas de aplicativo, que valorizam seu amplo porta-malas, bom consumo e manutenção acessível.
Logo atrás vem o Toyota Corolla, com 3.234 unidades. Embora o modelo siga como referência entre os sedãs médios, sua posição no ranking foi afetada pelo avanço do SUV Corolla Cross, que tem atraído cada vez mais os consumidores que desejam um modelo Toyota, mas preferem o visual e altura dos utilitários.
A liderança do Corolla no segmento médio ainda é sólida, mas já dá sinais de saturação. Mesmo com seu histórico de confiabilidade e conforto, ele agora enfrenta concorrência acirrada de novos modelos eletrificados e SUVs com pegada urbana.
Cronos e City se mantêm vivos com atualizações discretas
Na quinta posição, o Fiat Cronos aparece com 2.677 unidades vendidas. O modelo, produzido na Argentina, acaba de ganhar a linha 2026. As mudanças são discretas, seguindo a mesma linha de atualização visual aplicada no hatch Argo, e servem como preparação para uma reformulação mais profunda no design da Fiat, que virá com o lançamento do Grande Panda em 2026.

Já o Honda City ocupa a sexta colocação, com 1.301 unidades. A Honda atualizou recentemente o sedã, embora também de forma discreta. As mudanças foram pontuais no visual e nos pacotes de equipamentos, com o objetivo de manter o modelo competitivo diante da ascensão dos SUVs compactos.
Ambos mostram resiliência, mesmo com vendas abaixo das líderes. Em mercados mais conservadores e em frotas corporativas, ainda há demanda estável por modelos três volumes.
Novatos e veteranos: da China ao México
Na sétima colocação do ranking temos o BYD King, com 803 unidades. Apesar do apelo tecnológico e dos atrativos pacotes de equipamentos, o sedã chinês ainda tem dificuldade de alcançar números mais expressivos. A concorrência com modelos mais consolidados, como o Corolla, e a cautela de parte do público com marcas novas explicam esse desempenho mais contido.
Fechando o top 10, dois modelos da Nissan: o Versa (562 unidades) e o Sentra (538). Ambos são importados do México e enfrentam seus próprios desafios. O Versa, mesmo atualizado recentemente, está sendo ofuscado por SUVs da própria marca, como o Kicks. Já o Sentra vive os últimos momentos da atual geração. A expectativa é que o novo Sentra, com visual completamente renovado e possível versão híbrida, chegue em 2026, dando novo fôlego ao modelo.
Ranking completo dos sedãs mais vendidos em maio de 2025:
| Posição | Modelo | Unidades Vendidas |
|---|---|---|
| 1º | Hyundai HB20S | 4.421 |
| 2º | Chevrolet Onix Plus | 3.924 |
| 3º | Volkswagen Virtus | 3.317 |
| 4º | Toyota Corolla | 3.234 |
| 5º | Fiat Cronos | 2.677 |
| 6º | Honda City | 1.301 |
| 7º | BYD King | 803 |
| 8º | Nissan Versa | 562 |
| 9º | Nissan Sentra | 538 |
O que esse ranking revela sobre o mercado?
Mesmo com os SUVs reinando absolutos nas vendas — já são mais da metade do total de veículos novos emplacados em 2025 — os sedãs continuam atraindo um público relevante. O desempenho do HB20S em maio mostra que, com o pacote certo de preço, design, motorização eficiente e confiabilidade, ainda há espaço para modelos três volumes.
Contudo, é inegável que a preferência geral do consumidor está mudando. Além do apelo estético dos SUVs, fatores como maior altura em relação ao solo, sensação de segurança e versatilidade para o uso urbano e rodoviário têm influenciado essa guinada no gosto do brasileiro.
Mesmo assim, sedãs continuam sendo mais eficientes em consumo, oferecem porta-malas generosos e geralmente têm custo-benefício mais atraente na comparação direta com os SUVs de mesmo preço.
O futuro dos sedãs: resistência ou reinvenção?
A tendência é que os sedãs sigam perdendo espaço, mas não desapareçam completamente. Algumas montadoras devem continuar apostando nesses modelos, especialmente com foco em frotistas e consumidores que priorizam economia e custo de manutenção.

Outras podem apostar na reinvenção do segmento com híbridos e elétricos, como vem fazendo a BYD com o King ou a Nissan com o futuro Sentra híbrido. Ainda assim, a sobrevivência dos sedãs dependerá, cada vez mais, da capacidade das montadoras de inovar, manter preços competitivos e entender as novas prioridades dos consumidores.
Se o mês de maio ensinou algo, é que o reinado dos SUVs pode ser ameaçado — ainda que momentaneamente — por um sedã bem posicionado no mercado. E o HB20S provou isso com força.
