Julho traz bônus no Bolsa Família: será que dá para comprar um carro com esse dinheiro?
Julho chegou, e com ele vem uma boa notícia para milhões de famílias brasileiras que dependem do Bolsa Família: o benefício será complementado pelo Auxílio Gás. Em 2025, o valor do Auxílio Gás está fixado em R$ 108,00, e o cadastro para recebê-lo é automático para quem já está no programa. Esse acréscimo é um alívio para quem já luta para fechar as contas no fim do mês. Mas a dúvida que muita gente tem é: será que, com esse valor extra somado ao Bolsa Família, é possível dar o passo para comprar um carro?
Vamos analisar essa questão com cuidado.

Guia do Conteúdo
O que é o Bolsa Família e o Auxílio Gás?
O Bolsa Família é um programa social que oferece transferência mensal de renda para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. Em 2025, o valor base médio do benefício gira em torno de R$ 600,00 por família, podendo ser aumentado com adicionais para crianças, gestantes e outros critérios, chegando a valores próximos de R$ 1.000,00 em alguns casos.
Já o Auxílio Gás é um benefício criado para ajudar as famílias a custear a compra do gás de cozinha, um item essencial, mas que tem sido alvo de aumentos constantes. Em 2025, o valor pago é de R$ 108,00 e é automaticamente liberado para quem recebe o Bolsa Família.
Fazendo as contas: qual a renda total da família?
Imagine uma família que recebe o Bolsa Família no valor total de R$ 1.000,00, incluindo os adicionais. Além disso, um dos membros dessa família tem um emprego informal ou formal que paga o salário mínimo, que para 2025 está previsto em torno de R$ 1.558,00 (vale lembrar que o valor oficial pode variar conforme decisões do governo).
Somando os dois valores, essa família teria uma renda mensal bruta de aproximadamente R$ 2.558,00. É com essa renda que precisam pagar aluguel, alimentação, saúde, educação, contas domésticas, além de poupar se for possível.
O sonho do carro próprio: um objetivo possível?
Agora, vamos ao sonho que muita gente tem: comprar um carro usado. Por exemplo, um Chevrolet Celta 2011, que pode custar em torno de R$ 20.000,00 no mercado de usados. Para tentar adquirir esse veículo, a família teria que dar uma entrada de R$ 5.000,00 e financiar os R$ 15.000,00 restantes.
Mas como funcionam os financiamentos para quem tem essa renda?
Como funciona o financiamento de veículos?
Financiar um carro usado no Brasil envolve taxas de juros que costumam ser altas. A média das taxas gira em torno de 2,25% ao mês, o que torna o custo final do veículo bem maior do que o preço à vista.

Se a família decidir financiar os R$ 15.000,00 em 48 meses, as parcelas mensais podem ficar entre R$ 500,00 e R$ 600,00, dependendo da instituição financeira e do perfil do cliente.
Se o prazo for estendido para 60 meses, o valor da parcela pode diminuir um pouco, mas o custo total do financiamento aumenta, por causa dos juros.
É realmente possível pagar o financiamento?
Se a família aceitar uma parcela mensal de R$ 550, isso representaria cerca de 21,5% da renda bruta mensal de R$ 2.558,00. É um percentual considerável, mas que pode parecer viável.
No entanto, é preciso considerar outros gastos relacionados ao carro, que muitas vezes são esquecidos:
- Combustível: gasto constante, que varia conforme o uso e os preços dos combustíveis.
- Seguro: importante para proteger o veículo, principalmente em regiões com altos índices de roubos e acidentes.
- Manutenção: carros usados precisam de revisões, troca de peças, pneus e eventuais consertos.
- IPVA, Licenciamento e DPVAT: impostos e taxas anuais obrigatórios para circulação do veículo.
- Estacionamento: se a família precisar pagar por vaga fixa ou em estacionamentos públicos.
Somando todos esses custos, o gasto mensal real para ter um carro pode ficar bem acima das parcelas do financiamento.
E o Bolsa Família? A compra do carro afeta o benefício?
Outra questão importante é o impacto da compra do carro no próprio benefício do Bolsa Família. O programa avalia a renda per capita da família e seus bens para determinar a elegibilidade.
Ao adquirir um carro, principalmente se ele for usado para gerar renda (por exemplo, transporte para trabalho ou comércio), a família pode ser reavaliada e ter o benefício reduzido ou até suspenso.
Há regras de proteção que podem garantir metade do valor do benefício por dois anos, mas isso depende do aumento real da renda familiar.

O que a família deve considerar antes de comprar um carro?
- Prioridade das necessidades: Antes de pensar no carro, a família deve garantir que despesas essenciais estão cobertas, como moradia, alimentação, saúde e educação.
- Planejamento financeiro: fazer uma planilha realista para entender se o orçamento comporta parcelas e custos extras do veículo.
- Alternativas: avaliar opções como transporte público, caronas ou até comprar um veículo mais barato à vista.
- Análise de crédito: para conseguir o financiamento, a família precisa estar com o nome limpo e comprovar capacidade de pagamento.
- Risco de perder benefícios: entender como o Bolsa Família pode ser afetado e avaliar se o sonho do carro vale o risco.
