Juros altos freiam vendas de carros: O que esperar para 2025?
A alta contínua da taxa de juros (Selic) no Brasil tem sido um fator importante para desacelerar o crescimento do setor automotivo no país.
A recente elevação da Selic para 14,25% ao ano colocou o mercado de automóveis em uma situação delicada, com consequências visíveis nas vendas, produção e exportações de veículos.

Guia do Conteúdo
Mercado em Alta, Mas com Freio de Mão
O primeiro bimestre de 2025 apresentou números positivos para o setor automotivo brasileiro, conforme divulgado pela Anfavea. O mercado interno, com 356,2 mil unidades vendidas (automóveis e veículos comerciais), atingiu o maior volume desde 2020.
A produção, por sua vez, somou 392,9 mil unidades, marcando uma alta de 14,8% sobre 2024. As exportações também se destacaram, alcançando 76,7 mil unidades e um aumento expressivo de 55%, impulsionado pela recuperação da Argentina.
Importações em Ascensão
Apesar dos números positivos, a balança comercial do setor automotivo foi impactada por um grande salto nas importações. O crescimento das importações foi de 26%, enquanto o mercado interno teve um aumento de apenas 9%.
A participação das vendas internas de veículos importados subiu para 21%, a maior desde 2012. Em 2021, o Brasil importou 30.000 unidades no primeiro bimestre, e em 2025, esse número saltou para 75.000 unidades, um aumento de 150%.
A Perda de Relevância no Mercado Latino-Americano
Além disso, o Brasil tem perdido relevância no mercado latino-americano. Em 2013, o Brasil representava 22% do mercado latino-americano de veículos, enquanto a China tinha apenas 5%. No entanto, os números de 2024 mostram uma inversão: a China ocupa agora 28%, enquanto o Brasil caiu para 14%.
Essa mudança gerou preocupações sobre o futuro da indústria automobilística brasileira, com o presidente da Anfavea, Márcio Leite, afirmando que o país está “entregando empregos para fora”.
Ele questiona, ainda, qual será o impacto das marcas chinesas, que começam a produzir no Brasil, na exportação para os vizinhos latino-americanos.
Expectativa de Crescimento Mais Modesto
Apesar das boas perspectivas de produção e exportação, a Anfavea mantém uma previsão de crescimento de 6,3% para o ano, o que representaria 2,8 milhões de unidades comercializadas. Já a Fenabrave, que representa as concessionárias de veículos, estima um crescimento de 5% para o setor.
No entanto, a Anfavea descarta a possibilidade de atingir números mais otimistas, como os três milhões de unidades em 2025, uma vez que a alta da Selic tem afetado negativamente a demanda atual e futura por veículos.

Crédito mais Caro para o Setor
O aumento das taxas de juros também tem impactado o crédito para a compra de veículos. Em janeiro de 2025, a taxa de juros para financiamento de veículos chegou a 29,5% ao ano, o maior nível desde 2011.
O Marco de Garantias, que deveria facilitar a retomada de veículos em caso de inadimplência, ainda não está funcionando plenamente, pois só os contratos mais recentes incluem essa cláusula de retomada.
O Desafio de Superar o Nível de 2012
Em 2012, o Brasil alcançou a marca de 3,8 milhões de unidades vendidas, impulsionado por uma série de artificiais incentivos fiscais e outros estímulos ao mercado.
No entanto, se o mercado brasileiro crescer 4% ao ano a partir de 2026, o país só voltará a atingir esse número em 2032, ou seja, 20 anos depois. Esse cenário mostra como o aumento da Selic e a diminuição da demanda têm freado o crescimento do mercado automotivo.
Mudança de Liderança na Anfavea
No último dia 14, Igor Calvet assumiu o cargo de presidente executivo da Anfavea, em uma transição que será concluída com o término do mandato de Márcio Leite, presidente da Stellantis, em abril. Calvet, que já tinha experiência na associação e no Governo Federal, chega com o objetivo de modernizar a entidade.
A Anfavea, fundada em 1956, tem 26 associadas que representam 34 marcas, e com a mudança na liderança, a entidade está abandonando o sistema de rodízio entre os executivos das cinco fábricas pioneiras, como Fiat, Ford, GM, Mercedes-Benz e VW, o que havia gerado algumas rusgas internas.
Fenabrave: O Papel das Concessionárias no Mercado Automotivo
A Fenabrave, que completa 60 anos de existência, tem papel crucial na organização e representação do setor. Antigamente conhecidas como “revendedoras” ou “agências”, as concessionárias de veículos hoje desempenham uma função mais abrangente.
Elas não apenas comercializam os veículos, mas também prestam assistência técnica, oferecem garantia em nome dos fabricantes e disponibilizam peças originais para seus clientes.
As concessionárias são responsáveis por mais de 7.800 estabelecimentos no Brasil, gerando cerca de 315.000 empregos diretos, o que representa cerca de 5,65% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Fenabrave e a Modernização do Setor
Em um evento comemorativo em São Paulo, Arcélio Alceu dos Santos Júnior, presidente da Fenabrave, destacou o papel importante da entidade na renovação da frota nacional.
A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, que reúne 57 associações de diversas marcas e tipos de veículos, está liderando a coalizão do Programa de Renovação da Frota, um movimento que visa melhorar a segurança no trânsito e modernizar o parque automotivo brasileiro.
Desafios dos Juros e Oportunidades à Vista
O cenário atual do setor automotivo brasileiro está marcado por desafios, especialmente com a alta da Selic e a queda na relevância do Brasil no mercado latino-americano.
No entanto, a indústria também possui oportunidades, como a crescente demanda por veículos elétricos e híbridos, que podem ajudar a compensar a perda de crescimento no mercado de veículos movidos a combustíveis fósseis.
O futuro do setor depende de fatores como a evolução das taxas de juros, a melhoria do crédito para consumidores e a adaptação das montadoras às novas demandas do mercado.
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