O que as montadoras podem fazer para os carros populares ficarem mais baratos?
O governo federal anunciou que reduzirá a carga tributária de carros de até R$ 120 mil para aumentar o acesso dos brasileiros ao carro de entrada, ou carros populares. Saiba aqui o que as montadoras devem apresentar nas propostas para redução de preço.
Guia do Conteúdo
Saiba o que será feito pelas montadoras pela volta dos carros populares!
Com a ação do governo prevista para durar entre três e quatro meses, espera-se que as fabricantes de veículos lancem versões ainda mais simplificadas de seus carros de entrada. No entanto, é preciso definir qual será o nível de redução de equipamentos, podendo seguir dois caminhos: retirada dos supérfluos ou dos “essenciais”.

Para Cássio Pagliarini, ex-executivo de marcas como Ford, Renault e Hyundai, não seria sensato investir em uma simplificação mais rigorosa, retirando itens considerados essenciais para o conforto e dirigibilidade do veículo. Além disso, é importante não abrir mão dos itens obrigatórios de segurança, como airbags e freios ABS.
“Considerando toda a legislação que temos hoje, com exigência de mais itens de segurança e menos emissões, é impossível reduzir o preço do carro a R$ 50 mil retirando equipamentos. O que as montadoras podem fazer é retirar as calotas, não usar para-choques pintados e produzir um carro sem frisos e outros itens considerados supérfluos, mas isso reduziria até 3% do custo de produção. Se for além disso e retirar ar-condicionado e direção hidráulica, ninguém vai comprar”, avalia o consultor automotivo Cássio Pagliarini.
Então, o que as empresas pensam sobre os atuais os carros populares?
O sócio da Bright Consulting revela que os carros mais acessíveis do mercado brasileiro, Renault Kwid e Fiat Mobi, já foram desenvolvidos com muitos recursos econômicos, tornando difícil reduzir ainda mais os custos. Porém, esses modelos já são equipados com itens que antigamente eram opcionais, como ar-condicionado, vidro elétrico e travas elétricas nas portas dianteiras.

A questão que fica é: será que o consumidor estaria disposto a abrir mão desses equipamentos básicos em troca de um preço mais baixo? Talvez valha a pena considerar a compra de um carro usado ao invés de sacrificar a comodidade oferecida pelos modelos mais baratos.
Modelos intermediários de carros populares
Com a ampliação do programa de incentivo à compra de carros zero, é possível que modelos mais caros passem pelo processo de “enxugamento” sem perder itens tão básicos. Além disso, carros de até R$ 120 mil poderão receber maiores descontos, incentivando a compra de modelos com maior eficiência energética e índice de nacionalização das peças.
Isso pode resultar em novos concorrentes para carros como o Hyundai HB20 e o Chevrolet Onix, que podem apostar em materiais mais baratos e acabamentos menos elaborados para reduzir o custo final. Estratégias como a utilização de rodas com apenas três parafusos e setas sem repetidores também podem ser adotadas para atender a essa nova demanda.
Por que não reduzir o lucro para os carros populares?
Abrir mão da margem de lucro para ganhar no volume é uma das primeiras sugestões dos consumidores. Mas a realidade é que os carros populares não têm margem folgada desde a pandemia, razão pela qual diversas montadoras deixaram de investir nesse segmento.
Ex-executivo de montadoras como Ford, Volkswagen e Jaguar Land Rover, Flavio Padovan afirma que as montadoras não têm condições de reduzir muito as suas margens de lucro para baratear seus carros de entrada – ainda mais com os itens de segurança obrigatórios e a redução de emissões compulsória que têm sido implementados nos carros brasileiros.
Muitos consumidores acreditam que as montadoras deveriam abrir mão da margem de lucro para oferecer carros populares mais baratos. No entanto, a realidade é que os carros de entrada não possuem margens folgadas desde a pandemia, o que tem levado diversas montadoras a deixar de investir nesse segmento.
Opinião de especialistas sobre os carros populares
O ex-executivo de montadoras, Flavio Padovan, explica que as empresas não têm condições de reduzir muito as suas margens de lucro devido aos itens de segurança obrigatórios e a redução de emissões compulsória, que têm sido implementados nos carros brasileiros. Portanto, a oferta de carros populares mais acessíveis não é tão simples como muitos acreditam.
“Realmente, as montadoras não conseguem reduzir mais suas margens com os carros de entrada. Por outro lado, aumentando o volume de vendas desses automóveis compactos, você tem um benefício muito grande na diluição dos custos fixos das fábricas, que sofrem com capacidade ociosa, hoje acima de 45%”, analisa o especialista.
O que diz a Anfavea sobre os carros populares
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), explica que cada marca vai avaliar o cenário individualmente.
“Cada montadora tem a sua política de preços e ela sabe a sua cota, se ela tem margem para reduzir. A gente tem uma expectativa de que essa injeção de ânimo produza uma competitividade natural de preços. Mas carro ‘pelado’ e a retirada de itens de segurança estão fora de questão”, garante.
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