Montadoras em guerra contra carros chineses: Precaução ou incompetência?
A Anfavea, associação que representa os fabricantes de veículos, realizou estudos para avaliar o impacto do crescimento das marcas chinesas no mercado automotivo brasileiro e latino-americano.
De acordo com a análise, esse movimento tem gerado preocupação para os fabricantes brasileiros, que estão investindo no país enquanto os importados recebem isenção de impostos de importação, principalmente no caso dos carros elétricos.

Esse cenário tem sido chamado de “guerra preventiva” pelos especialistas, em uma alusão ao termo utilizado pelos Estados Unidos para justificar a invasão do Iraque e de outros países. A ideia é que as montadoras brasileiras estejam buscando apoio governamental para taxar os carros elétricos importados como uma estratégia preventiva contra a invasão chinesa no mercado nacional.
Os dados levantados pela Anfavea revelam que a presença dos carros chineses no mercado brasileiro vem crescendo desde 2015, quando houve a redução do imposto de importação de 35% para 0% nos casos dos veículos elétricos e para 2% ou 4% nos híbridos. Esse resultado mostra que a isenção fiscal teve um impacto positivo, incentivando o desenvolvimento do segmento.
É importante ressaltar que essa isenção não beneficia apenas as marcas chinesas, mas também todos os carros elétricos, incluindo aqueles produzidos pelas montadoras instaladas no Brasil. Portanto, não há um favorecimento exclusivo aos chineses, cujas marcas, aliás, estão investindo no país com projetos de fabricação local nos próximos anos.

Nesse sentido, a isenção fiscal é vista como uma medida saudável e necessária, pelo menos por enquanto, para impulsionar o mercado de carros elétricos (sejam eles chineses ou não) e permitir que os consumidores brasileiros tenham acesso à tecnologia que está cada vez mais dominante no mundo. A reação das montadoras brasileiras pode ser considerada exagerada, assim como ocorreu na primeira “guerra preventiva” declarada pela Anfavea nos anos 2000.
Naquela época, mesmo com a presença de marcas chinesas como JAC, Chery, Lifan, Effa e VN Auto no mercado brasileiro, as vendas de carros chineses não representavam uma parcela significativa em comparação com o total de veículos vendidos. Em 2022, por exemplo, mesmo com um crescimento expressivo de 197%, as vendas totais de carros elétricos puros foram de apenas 8.498 unidades. Esse número é menor do que as vendas do 50º carro mais vendido no mesmo período.
Não é apenas no Brasil que os fabricantes ocidentais estão enfrentando a concorrência chinesa. Na própria China, que antes era dominada por marcas estrangeiras, as montadoras chinesas estão ganhando espaço e aumentando sua participação de mercado. Joint ventures entre empresas chinesas e fabricantes ocidentais, como VW e GM, tinham 80% das vendas há dez anos. Hoje em dia, as marcas chinesas têm uma fatia maior do mercado, impulsionadas especialmente pelos modelos de carros elétricos.
Marcas como BYD, Changan, Geely e Wulling têm conquistado posição de destaque no mercado interno chinês, com participação significativa nas vendas. A BYD, por exemplo, liderou as vendas no segundo trimestre deste ano, com 600 mil veículos híbridos e elétricos comercializados e 11,2% de participação de mercado.
Portanto, a presença das marcas chinesas no mercado automotivo brasileiro ainda é relativamente pequena se comparada às montadoras tradicionais. A isenção fiscal para carros elétricos, incluindo os importados da China, é uma medida que visa impulsionar o segmento e proporcionar aos consumidores brasileiros acesso à tecnologia de ponta.
E o que você acha sobre essa situação, será que as montadoras tem razão em ter essa “preocupação” com os carros chineses ou é apenas incompetência pelo preço e qualidade entregue, comente o que você ache!
