Improbabilidade do Fim do Motor a Combustão Aumenta Diariamente

No discurso do agora favorito candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a convenção do Partido Republicano, ele mostrou seu apoio irrestrito à continuação da perfuração de poços de petróleo e queima de combustíveis fósseis. Essa postura levanta questionamentos sobre as chances reais de um banimento total dos veículos movidos por combustão interna no futuro próximo.
Apesar dos avisos e catástrofes climáticas causadas pelo aquecimento global, resultante do aumento das emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis, o discurso de Trump revela o que parece inevitável: o mundo continuará a extrair e queimar petróleo enquanto isso for altamente lucrativo.
Embora haja um discurso crescente em favor do banimento dos veículos movidos por combustão interna, o fim deles parece cada vez mais improvável. Muitas empresas estão redirecionando seus investimentos para o desenvolvimento de novos motores a gasolina para veículos leves.
Algumas empresas enxergam essa tendência como um bom negócio e estão investindo bilhões para fornecer motores para fabricantes que já anunciaram a interrupção da produção de carros a combustão. Elas argumentam que essas fabricantes precisarão desses motores, já que esgotaram seus investimentos em baterias e propulsores elétricos.
A Toyota, por exemplo, recentemente desenvolveu uma nova geração de motores pequenos e eficientes, e não descarta fornecê-los a outras fabricantes. A Stellantis também está investindo em motores a combustão, que poderão utilizar combustíveis sintéticos na Europa.
Outro exemplo é o Grupo Renault, que consolidou uma associação com a chinesa Geely para criar a empresa Horse. Essa empresa independente concentra todas as operações globais de desenvolvimento e produção de motores a combustão, sistemas híbridos e transmissões. Com capacidade para produzir 3,2 milhões de motores por ano, a Horse tem como objetivo fornecer 85% dos tipos de propulsores a combustão utilizados atualmente.

A Saudi Aramco, estatal produtora de petróleo e derivados da Arábia Saudita, também está interessada na longa vida dos motores a combustão. Recentemente, ela investiu € 740 milhões para adquirir 10% da Horse. Yasser Mufti, vice-presidente executivo da Saudi Aramco, justificou o negócio dizendo que será incrivelmente caro para o mundo eliminar completamente os motores de combustão interna.
Embora alguns países, como a União Europeia e o Reino Unido, tenham estabelecido legislações para o fim dos motores a gasolina ou diesel na próxima década, essas medidas encontram resistência. Com a redução ou fim dos incentivos para compra de veículos elétricos, as vendas desses modelos caem e aumenta a pressão para manter a produção de veículos a combustão.
Os maiores mercados automotivos do mundo, China e Estados Unidos, têm políticas de eletrificação de suas frotas, mas não pretendem banir completamente a combustão. Na China, por exemplo, a venda de carros elétricos já representa um terço do mercado, mas os modelos movidos a gasolina ainda são os mais vendidos.
Embora o crescimento da eletrificação dos veículos seja evidente, os motores a combustão continuam dominantes e não há indícios de que irão desaparecer tão cedo. Mesmo as maiores fabricantes, como Ford, General Motors, Volkswagen e Mercedes-Benz, reconsideraram seus investimentos na eletrificação total, optando por soluções híbridas.
Diante desse cenário, fica claro que o banimento total dos carros a combustão pode não ser uma realidade tão próxima quanto se imaginava. A dependência da indústria automotiva em relação aos combustíveis fósseis e a falta de incentivos suficientes para a adoção em massa dos veículos elétricos são alguns dos fatores que contribuem para essa tendência.
No entanto, é importante ressaltar que o debate sobre a transição para veículos mais sustentáveis e a redução das emissões continua em pauta. As preocupações com as mudanças climáticas e a busca por alternativas mais limpas e eficientes estão impulsionando o desenvolvimento de tecnologias inovadoras no setor automotivo.

Portanto, embora o fim dos motores a combustão possa não ser iminente, é fundamental que as empresas e governos continuem investindo em pesquisas e soluções que contribuam para a redução das emissões de carbono e para um futuro mais sustentável. A transição para uma mobilidade mais limpa e eficiente é uma necessidade urgente e deve ser encarada como um desafio coletivo.
Fonte: Portal Carsughi