Salão do Automóvel 2025 revela força e fragilidades que moldarão 2027

O retorno do Salão do Automóvel após um hiato de sete anos trouxe ao público uma mistura de nostalgia, curiosidade e expectativa. A edição de 2025, realizada no Distrito Anhembi, marcou uma retomada importante, mas também deixou claro que o evento ainda está longe da grandiosidade que um dia já teve. Entre acertos estruturais e problemas que precisam ser resolvidos até 2027, a edição funcionou como um termômetro para medir a força que o Salão ainda exerce no setor automotivo brasileiro. Marcas presentes, lançamentos, falhas logísticas e ausências estratégicas moldaram a experiência dos visitantes ao longo de nove dias de exposição.

Ao mesmo tempo em que o público voltou em grande número, a percepção geral é que o evento ainda passa por um período de reconstrução. Com menos espaço, menos marcas tradicionais e estruturas mais modestas, o Salão 2025 apostou em criatividade e na força dos lançamentos para manter o público engajado. O balanço final deixa claro que há muitos pontos positivos a serem fortalecidos e falhas importantes que precisam ser corrigidas antes da edição já confirmada para 2027. Confira, em ordem reorganizada, os aspectos que definiram esta retomada.

Marcas ausentes

Um dos pontos mais comentados pelos visitantes foi a ausência de fabricantes tradicionais, que historicamente marcaram presença no evento. Volkswagen, Chevrolet e Ford ficaram de fora, assim como marcas premium como Mercedes-Benz, BMW, Jaguar, Audi e Land Rover. A falta desses nomes reduziu o peso institucional do Salão e abriu espaço para fabricantes chinesas, que dominaram vários corredores do pavilhão e exibiram lançamentos em busca de consolidação no mercado brasileiro. Algumas dessas marcas aproveitaram o momento para se apresentar oficialmente ao público nacional, como MG Motor e Caoa Changan.

A saída dessas montadoras traz reflexões sobre o futuro do evento, especialmente em um cenário de custos altos e estratégias de comunicação mais digitais. A ausência coincidiu com um período de forte expansão de marcas chinesas no país, tornando o Salão um território fértil para quem busca visibilidade rápida. Apesar disso, a falta de grandes players prejudicou a diversidade geral e reduziu o impacto de novidades esperadas, como o lançamento do VW Tera, que foi apresentado fora do evento.

Salão do Automóvel.

Test-drive reduzido

Para muitos visitantes, um dos pontos mais frustrantes foi o formato limitado do test-drive. Em vez da tradicional área externa, a pista instalada dentro do pavilhão restringiu velocidade, espaço e experiência real de condução. Com trajeto curto e velocidade máxima de 20 km/h, os testes com modelos de marcas como Avatr e Ram ofereceram apenas uma amostra superficial do comportamento dos veículos. A simulação off-road, por sua vez, não teve nenhum elemento real de terreno irregular, reduzindo a imersão da experiência.

As filas longas também dificultaram o acesso. Quem não chegava cedo encontrava tempos de espera que ultrapassavam uma hora, tornando a atividade menos atraente para parte do público. Para 2027, a necessidade de uma pista mais ampla e completa é um dos pedidos mais frequentes dos visitantes, reforçando a importância dessa atração para a experiência geral do evento.

Estrutura limitada

Assim como o test-drive, a estrutura geral do Salão também mostrou sinais de redução. O evento ocupou apenas 66 mil m², número significativamente menor do que os 110 mil m² disponíveis em 2018. Isso fez com que os estandes precisassem ser mais simples, com menos áreas de destaque e menor liberdade para construções elaboradas. Marcas que antes apresentavam palcos, áreas suspensas ou ambientes dedicados a convidados precisaram se reinventar com layouts mais compactos.

Essa limitação também impactou atrações paralelas e ambientes de interação. Algumas fabricantes optaram por apresentar carros em posições inusitadas e adotar estratégias visuais de grande impacto para compensar a simplicidade estrutural. A criatividade ajudou a manter o ambiente visualmente interessante, mas não impediu visitantes de compararem esta edição com outras mais grandiosas do passado.

Lecar polêmica

Entre os destaques negativos, a polêmica envolvendo a marca Lecar se tornou um dos assuntos mais comentados da edição. Anunciada como a primeira marca brasileira em décadas a apresentar um veículo funcional em um Salão do Automóvel, a fabricante frustrou o público ao exibir apenas modelos feitos de madeira, isopor e materiais improvisados. Os protótipos do SUV 459 e da picape Campo não possuíam cabine funcional nem qualquer recurso mecânico real.

Além dos mockups rudimentares, a apresentação da marca trouxe ainda mais controvérsias. Durante a coletiva, o CEO evitou explicar detalhes do projeto, exibiu imagens geradas por inteligência artificial e fez declarações que geraram desconforto entre jornalistas e visitantes. Mesmo sem ter fábrica pronta, a marca começou a coletar reservas de clientes, o que levantou críticas e preocupações sobre a credibilidade do empreendimento.

Clássicos marcantes

Apesar dos pontos negativos, o Salão 2025 também entregou momentos memoráveis. Entre eles, a presença de carros clássicos e exóticos nos espaços Dream Car Museum, Carde Art Design Museu e Dream Lounge. Modelos lendários como Lamborghini Diablo, Bugatti EB110, Ferrari F40 e Jaguar XJ atraíram longas filas de visitantes e funcionaram como pontos de parada obrigatória. Para muitos, ver essas máquinas icônicas de perto foi uma oportunidade única.

O destaque aos carros nacionais também foi bem recebido, especialmente com a presença de esportivos históricos como o Volkswagen Gol GTI e o Hofstetter. No Dream Lounge, supermáquinas modernas complementaram o cenário com design agressivo e altíssimo apelo visual. Essas áreas ajudaram a equilibrar a edição, oferecendo experiências emocionais que vão além dos lançamentos atuais.

Prelude protagonista

Entre os lançamentos modernos, o Honda Prelude foi o grande protagonista. O esportivo híbrido roubou a cena ao misturar nostalgia e tecnologia atual. Com motor 2.0 aspirado combinado ao sistema híbrido e:HEV, o modelo entrega 203 cv e 32,1 kgfm, chamando atenção pela promessa de desempenho equilibrado e eficiência. A confirmação do lançamento no Brasil em 2026 ampliou ainda mais o interesse dos visitantes.

O retorno do Prelude também evocou memórias dos anos 1990, quando o modelo conquistou fãs no país com soluções técnicas avançadas para a época. A estratégia da Honda de trazer de volta um ícone reforçou o papel do Salão como palco para movimentar o imaginário do público e renovar a conexão emocional com a marca.

Alimentação cara

Outro elemento que marcou a experiência do visitante foi a área de alimentação. Embora bem organizada, coberta e com mesas suficientes, os preços altos se tornaram pauta recorrente. Lanches simples ultrapassam facilmente R$ 30, bebidas chegam a valores elevados e sobremesas rápidas também seguem essa tendência. O resultado é que famílias ou grupos de visitantes precisam preparar o bolso caso pretendam se alimentar dentro do evento.

Ainda assim, a variedade foi um ponto positivo. O público encontrou opções diversas, com operações funcionando de forma ágil ao longo de todos os dias da exposição. Para quem buscava conveniência, a estrutura atendeu bem, mesmo com o custo acima da média de outros eventos do setor.

Clima ideal

Se há um ponto quase unânime entre os visitantes, é a aprovação da climatização. O sistema de ar-condicionado funcionou plenamente, mantendo a temperatura interna confortável mesmo com alto fluxo de pessoas circulando pelo pavilhão. Essa eficiência ajudou a diminuir a sensação de lotação e tornou a visita mais agradável, especialmente nos horários de pico.

Com uma área mais compacta e grande concentração de visitantes, manter o clima estável foi essencial para evitar desconforto. O bom desempenho da climatização mostra que os ajustes estruturais estão em andamento e que a organização aprendeu com dificuldades de edições passadas.

Estacionamento falho

Outro ponto que gerou críticas foi o estacionamento oficial do Anhembi. Além do valor elevado da diária, o espaço é descoberto e não oferece pontos de recarga para veículos elétricos, o que soa incoerente em um evento repleto de lançamentos híbridos e elétricos. As condições climáticas favoráveis evitaram maiores transtornos, mas a falta de infraestrutura moderna foi amplamente comentada e deverá ser revisada até 2027.

Caminho para 2027

A próxima edição do Salão do Automóvel já está confirmada para acontecer entre 30 de outubro e 7 de novembro de 2027. A organização afirma que pelo menos dez marcas já garantiram presença, e outras avaliam o retorno. Com a expectativa de retomar o formato bienal, o desafio será resgatar características marcantes de anos anteriores sem ignorar as mudanças da indústria.

O retorno em 2025 mostrou que o público está presente e disposto a prestigiar o evento, mas também deixou claro que marcas, estrutura e experiências precisam evoluir. Se as lições forem aplicadas, o Salão 2027 tem potencial para recuperar a relevância e se reafirmar como um dos grandes encontros automotivos da América Latina.

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Redator online do Agora Motor, antes mesmo de concluir o ensino médio e fazer a carteira, Gabriel já está envolvido no universo automotivo. Produz conteúdos informativos e relevantes, com foco em lançamentos, notícias e tudo que movimenta o setor. Interessado em aprender e crescer na área, acompanha de perto as tendências do mercado e busca tornar a informação acessível a todos os leitores.
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