Tesla ficou para trás? Chinesa dá o troco na Europa!
Durante anos, o domínio da Tesla no mercado de carros elétricos parecia inabalável. Elon Musk transformou sua marca em sinônimo de inovação e referência global em eletrificação automotiva. Mas, em abril de 2025, essa hegemonia foi oficialmente rompida. Pela primeira vez na história, a chinesa BYD ultrapassou a Tesla em vendas de veículos 100% elétricos (BEVs) na Europa — um marco que pode representar muito mais do que uma simples oscilação no ranking.
Segundo dados da JATO Dynamics, empresa de consultoria especializada no setor automotivo, a BYD emplacou 7.231 veículos elétricos no continente europeu no mês de abril, um crescimento impressionante de 169% em relação ao mesmo período do ano anterior. A Tesla, por outro lado, registrou 7.165 unidades, o que representa uma queda drástica de 49% nas vendas em comparação com abril de 2024.

Essa virada, embora pareça pequena nos números absolutos, carrega um simbolismo enorme: mostra que os gigantes da tecnologia automotiva já não estão imunes à pressão da concorrência, especialmente da China.
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Mais do que BEVs: híbridos plug-in reforçam o avanço chinês
E não para por aí. Quando se inclui na conta também os veículos híbridos plug-in (PHEVs), o desempenho da BYD se torna ainda mais avassalador. Ao todo, somando os dois tipos de eletrificados, a marca vendeu 12.525 unidades em abril, consolidando sua presença em um mercado onde até recentemente era apenas uma coadjuvante.
Essa performance confirma o sucesso da estratégia de expansão agressiva da BYD na Europa, iniciada no final de 2022. Com investimentos pesados em distribuição, marketing e produção local, a empresa deu passos importantes para deixar de ser “mais uma marca chinesa” e se tornar uma protagonista no setor automotivo europeu.
O segredo da virada: preço acessível e produção local
Um dos principais trunfos da BYD tem sido sua capacidade de oferecer carros elétricos com preços agressivos, algo que muitas montadoras europeias ainda lutam para alcançar. O recente lançamento do Dolphin Surf, por exemplo, mostra bem essa estratégia. Com preço inicial de € 20 mil (cerca de R$ 128 mil em conversão direta), o modelo chega como uma alternativa mais espaçosa ao já conhecido Dolphin Mini (ou Seagull, como é chamado na China).
Esse carro é, essencialmente, a versão europeia do compacto elétrico que já circula pelo Brasil, mas com 21 cm extras de comprimento e 4 cm a mais de altura — mudanças que o tornam mais atraente para os consumidores do continente, que buscam modelos urbanos, porém confortáveis. O entre-eixos de 2,50 m se mantém, garantindo boa habitabilidade sem comprometer a agilidade.
Além dos preços, outro fator-chave é a produção local. A BYD já anunciou que terá fábricas na Hungria e na Turquia, movimentos estratégicos para evitar futuras tarifas da União Europeia sobre veículos chineses. Essa aproximação logística também deve reduzir prazos de entrega e custos operacionais, tornando a marca ainda mais competitiva.
Tesla em crise: envelhecimento da linha e polêmicas com Elon Musk
Se por um lado a BYD acelera, a Tesla pisa no freio — involuntariamente. A marca americana, que durante anos liderou com folga o mercado europeu, agora enfrenta uma combinação de fatores negativos.
Entre os principais problemas estão:
- Linha de produtos envelhecida, com poucos lançamentos nos últimos dois anos;
- Atrasos no novo Model Y acessível, prometido para democratizar a marca;
- Polêmicas recorrentes envolvendo Elon Musk, que têm afetado a imagem pública da empresa;
- Concorrência crescente, principalmente de marcas chinesas e do próprio Grupo Volkswagen.
Esses elementos contribuíram para que a Tesla saísse do Top 10 das marcas de carros elétricos mais vendidas na Europa, ficando na 11ª posição em abril. Dentre os 7.165 carros vendidos pela empresa, mais da metade ainda são do Model Y, que teve uma queda de 53% nas vendas em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Europa muda de marcha: eletrificação avança rapidamente
O mercado europeu está em transformação acelerada. Em abril de 2025, os carros totalmente elétricos e os híbridos plug-in representaram 26% de todos os novos emplacamentos — um recorde absoluto.
Veja a divisão:
- 17% dos emplacamentos foram de veículos 100% elétricos (BEVs), ante 13,4% no ano anterior;
- 9% ficaram com os híbridos plug-in (PHEVs), ante 6,9% no mesmo período de 2024.
A tendência é clara: a Europa está deixando os combustíveis fósseis para trás. No entanto, como alerta Felipe Munoz, analista da JATO Dynamics, “o crescimento dos elétricos ainda não compensa as fortes quedas nas vendas de carros a combustão. A eletrificação avança, mas o mercado como um todo ainda está em transição.”
Grupo Volkswagen reina absoluto — por enquanto
Apesar do avanço da BYD e da queda da Tesla, o líder absoluto no mercado europeu de elétricos ainda é o Grupo Volkswagen. A montadora alemã registrou 23.514 unidades vendidas apenas em abril, um salto de 61% em relação ao ano passado.
Os destaques do grupo são:
- Volkswagen ID.3 e ID.7, que ganharam força com melhorias e incentivos;
- BMW, em segundo lugar, com 14.867 carros, liderada pelo elétrico iX1;
- Skoda, com 13.598 unidades, especialmente com o compacto Elroq (primo do ID.3);
- Audi, com 11.958 unidades, sendo o Q6 e-tron o novo queridinho do portfólio;
- Renault, em quinto, com 10.328 veículos, graças ao novo e carismático R5;
- Kia, com 9.101 unidades, puxada pelo premiado EV3, eleito Carro Mundial do Ano de 2025.
Outras marcas que seguem no top 10 incluem Mercedes (8.739), Volvo (7.768) — que sofreu forte queda — e Hyundai (7.346). Logo atrás vem a BYD, fechando a lista com 7.231 carros 100% elétricos emplacados, a maioria dos modelos Atto 3 e Seal.
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O que esperar a partir de agora?
O que está acontecendo na Europa é um ensaio do que pode acontecer no restante do mundo nos próximos anos. O domínio de marcas americanas e europeias está sendo desafiado por um novo tipo de concorrência: ágil, tecnológica e com preços acessíveis.
A BYD soube ler o mercado, se adaptar e acelerar no momento certo. Sua vitória sobre a Tesla, ainda que momentânea, indica um ponto de virada para o mercado automotivo global.
Se a Tesla não reagir rapidamente — com novos lançamentos, preços mais competitivos e menos ruído de gestão — corre o risco de perder relevância fora dos EUA. E isso pode ser só o começo de uma nova ordem automobilística, onde as marcas tradicionais precisam se reinventar para sobreviver.
O império começou a ruir?
A ultrapassagem da BYD sobre a Tesla não é apenas um dado estatístico — é um sinal de mudança estrutural no setor automotivo. O mercado europeu, berço da mobilidade sustentável, está dando espaço para novas protagonistas.

E você, confiaria mais em um elétrico europeu, americano ou chinês? Com preços competitivos, produção local e desempenho convincente, parece que a resposta está mudando — e Elon Musk precisa prestar atenção.
