Venda direta: o que é e como funciona essa modalidade que “salva” as montadoras
No mês de março, o mercado de veículos novos apresentou um crescimento, mas isso não significa uma melhora no poder de compra da população. Cerca de 40% dos veículos vendidos atualmente são por meio da modalidade de venda direta, em que normalmente os compradores são empresas, frotistas e locadoras. Embora essas vendas impulsionem o mercado, elas mascaram alguns dados de venda e podem dar a falsa impressão de um crescimento saudável do setor.

As vendas diretas garantem descontos no preço final, tanto por não haver a intermediação de um vendedor, quanto por isenções tributárias como ICMS, IPI ou IOF. Dessa forma, empresas (desde microempreendedores como MEI), pessoas com deficiência (PcD), taxistas, autoescolas, frotistas, locadoras e motoristas de transporte escolar podem adquirir veículos por meio dessa modalidade.
No entanto, as negociações dessas vendas são mais agressivas e espremem as margens de lucro das fabricantes em troca de uma participação maior no mercado. Isso faz com que as empresas produzam mais para ter uma margem de lucro pequena, o que vai na contramão do mercado mundial que prevê produzir menos e vender carros com maior valor agregado e consequentemente mais caros.
No último dez anos, a modalidade das vendas diretas aumentou sua participação no mercado em 22,3%. Em março deste ano, foram 48,8% das vendas totais do mercado automobilístico nacional. As locadoras são as grandes responsáveis pelo crescimento da participação das vendas diretas, correspondendo por três em cada dez veículos vendidos no Brasil. Essas empresas investiram R$ 55,2 bilhões para comprar 590.520 carros zero km em 2022.
Entre as vendas para pessoa física (varejo), o carro mais comercializado é o Hyundai Creta, seguido pelo Chevrolet Onix, Toyota Corolla Cross e Honda HR-V. Embora o Fiat Strada e o Hyundai HB20 costumem figurar no topo da tabela, no ranking geral com as vendas diretas e varejo, os dois últimos SUVs ficam fora do top 10 – figuram na 14ª e 16ª posição, respectivamente.
De acordo com Raphael Galante, gerente de negócios da consultoria automotiva Oikonomia, embora as vendas estejam crescendo, quem está comprando são empresas. O consumidor normal, a pessoa física que quer um carro novo está cada vez mais raro. Já André Braz da Fundação Getúlio Vargas explica que com a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, o consumidor pensa duas vezes antes de comprar um bem durável. Os juros elevados tendem a desestimular a compra de bens duráveis.
Guia do Conteúdo
Governo precisa sinalizar redução de preços e fornecer crédito com juros menores
Segundo José Maurício Andretta Jr., presidente da Fenabrave, a previsão é que sejam vendidos cerca de 2 milhões de unidades de automóveis e comerciais leves. No entanto, ele declara que está esperando uma sinalização melhor do governo para reduzir os preços dos veículos e fornecer crédito com juros menores para estimular a compra do consumidor final.
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