Por que Comprar Carros com Baixa Quilometragem Pode Ser um Erro Custoso
Muitos consumidores sonham em adquirir um carro com baixa quilometragem, acreditando que esse fator torna o veículo uma escolha mais vantajosa, com menos desgastes e um bom desempenho por mais tempo. No entanto, o que muitos não sabem é que a baixa quilometragem pode, na verdade, esconder uma série de problemas que vão além da aparência de um carro “quase novo”. A falta de uso constante pode ser mais prejudicial do que parece, e entender isso pode ser fundamental para evitar surpresas indesejadas no futuro.
Neste artigo, vamos explorar por que carros com pouca quilometragem podem, na verdade, ser um mau negócio e como isso pode impactar o desempenho do veículo, os custos de manutenção e a sua longevidade. Vamos entender também como a falta de rodagem pode afetar o funcionamento dos motores, especialmente quando se trata de veículos com combustível específico, como o etanol.

Guia do Conteúdo
1. O Conceito de “Baixa Quilometragem” e Seus Riscos
Ao procurar por um carro usado, muitos se deixam seduzir pela quilometragem baixa. Afinal, a lógica parece simples: quanto menos quilômetros rodados, mais tempo o carro deve durar. Porém, essa ideia não é tão simples quanto parece. Os carros, assim como qualquer outra máquina, foram projetados para rodar. A inatividade prolongada pode ser extremamente prejudicial.
Quando um carro fica parado por longos períodos, diversas partes do veículo começam a sofrer deterioração. Baterias descarregam, pneus perdem pressão, e fluidos começam a se degradar. Para um carro que não é utilizado com frequência, essas condições podem ser apenas o começo de uma série de problemas que não são imediatamente visíveis para o comprador. Se você estiver considerando um veículo com baixa quilometragem, é essencial entender o impacto que a inatividade pode ter em sua performance a longo prazo.
2. O Problema do Motor Frio e o Desgaste Prematuro
Uma das questões mais comuns em carros com pouca quilometragem está relacionada ao motor. Um motor precisa atingir uma temperatura ideal de funcionamento para que seus componentes internos, como pistões e válvulas, se expandam corretamente. A falta de tempo de operação suficiente para que o motor atinja essa temperatura ideal pode resultar em desgaste acelerado e aumento do consumo de combustível.
De acordo com Erwin Franieck, mentor de tecnologia e inovação em engenharia avançada da SAE Brasil, carros que são usados em deslocamentos muito curtos (como trajetos diários de poucos quilômetros) não atingem a temperatura necessária para o funcionamento adequado. Como ele explica: “Dirigir durante menos de 15 minutos nem esquenta o óleo do motor, impossibilitando a lubrificação adequada.” Esse desgaste excessivo pode ser perceptível em um carro com baixa quilometragem, mas com um nível de desgaste semelhante a veículos que rodaram muito mais.
O problema se agrava ainda mais quando o veículo é abastecido com etanol. “Em dias frios, a partida de motor abastecido com etanol tende a ser mais difícil em carros antigos, sem sistema de preaquecimento”, diz Franieck. Isso ocorre porque o etanol pode deixar resíduos não queimados, gerando água no sistema. Se o motor não esquenta o suficiente, essa água não evapora e pode contaminar o óleo do motor, comprometendo sua performance.

3. O Impacto do Combustível Degradado e a Deterioração de Componentes
Outro grande problema de carros pouco rodados é a degradação do combustível. A gasolina, por exemplo, perde suas propriedades em cerca de seis meses. Isso significa que um carro parado por mais de meio ano provavelmente terá um combustível inadequado para o funcionamento ideal do motor, o que pode causar dificuldades na partida e até danos ao sistema de injeção de combustível.
A água acumulada nos sistemas de combustível também é um problema frequente em carros que não rodam com regularidade. A água pode se misturar ao combustível, prejudicando a bomba de combustível e outros componentes do sistema de injeção. O dano a esses componentes é uma das causas mais caras de reparação em carros que ficam parados por longos períodos. Por isso, se um veículo não for utilizado por algum tempo, é essencial dar a ele algum uso, mesmo que seja apenas uma volta curta semanalmente, para manter o combustível circulando e evitar danos ao sistema.
4. Os Efeitos da Inatividade no Sistema Elétrico e Pneus
Não são apenas os motores que sofrem quando um carro fica parado por muito tempo. A bateria, por exemplo, tende a descarregar se não for usada regularmente. Isso pode levar à necessidade de troca da bateria em um período bem menor do que o esperado. O mesmo ocorre com os pneus. Quando um carro não é usado com frequência, os pneus podem perder a pressão ou até sofrer deformações permanentes, afetando a dirigibilidade do veículo e exigindo um investimento para a substituição.
Além disso, os fluidos, como o óleo do motor, podem se separar e perder a capacidade de lubrificar adequadamente as peças do carro. Mangueiras e dutos, que são normalmente flexíveis, podem ressecar e se tornar quebradiços, o que pode levar a vazamentos e falhas no sistema hidráulico. Isso pode resultar em custos elevados para reparação de componentes que, se o veículo tivesse sido usado regularmente, não teriam sofrido tanto desgaste.
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5. Como Evitar os Problemas de Carros Pouco Rodados
Embora os riscos associados à baixa quilometragem possam ser grandes, é possível minimizar esses problemas com alguns cuidados simples. Se você adquiriu ou pretende adquirir um carro com baixa quilometragem, é importante seguir algumas dicas para manter o veículo em boas condições:

- Rodar com o carro regularmente: Mesmo que não seja possível usar o carro todos os dias, é importante dar uma volta com ele uma vez por semana, de preferência em trajetos mais longos, para permitir que o motor atinja a temperatura ideal e para manter o sistema de combustível e os pneus em boas condições.
- Trocar o combustível: Se o carro ficou parado por um longo período, o combustível deve ser trocado, especialmente a gasolina. O combustível velho pode causar falhas no motor e danificar o sistema de injeção.
- Verificar os fluidos e componentes: É fundamental verificar os níveis de óleo, líquido de arrefecimento, e outros fluidos importantes. Além disso, se o carro não foi usado regularmente, é recomendável revisar componentes como a bateria, os pneus, e as mangueiras de combustível e ar.
- Manutenção preventiva: Não subestime a importância da manutenção preventiva. Mesmo um carro com baixa quilometragem pode precisar de ajustes e substituições de peças se não for mantido adequadamente.